O concerto de protesto gratuito dos Rage Against The Machine, em Los Angeles, em frente ao Staples Center, onde decorria a Democratic National Convention. No final, a polícia disparou balas de borracha e usou gás pimenta para dispersar a multidão. Estávamos em 2000, quando Zak de la Rocha proclamou: «A democracia foi sequestrada».
No dia 14 de Agosto de 2000, os Rage Against The Machine estavam no seu apogeu político e musical. A sua decisão de improvisar um concerto de guerrilha, em frente ao Staples Center, em Los Angeles, onde decorria a Convenção Nacional Democrática terá sido o auge do seu poder.
Se os organizadores da estariam, sem grande margem de dúvida, a começar a arrancar os cabelos quando repararam que o outro lado da rua do seu gigantesco evento estava, lentamente, a ser ocupado por vagas sucessivas de rockers e protestantes, o seu queixo terá batido no chão quando se aperceberam que eram os Rage Against The Machine que estavam a preparar as suas fontes de energia. A banda, que já há algum tempo andava a incomodar o establishment, estava determinada a dar um concerto gratuito no lado oposto da rua da Convenção. Estavam ansiosos por marcar uma posição e, por isso, planearam algo, digamos, “discreto”.
No entanto, cerca de 8.000 pessoas responderam à convocatória. Com um público a crescer e pronto para a ação, tanto no palco como fora dele, Zack de la Rocha pegou no microfone e fez o seu melhor trabalho com os holofotes, levando a multidão ao delírio. E não ia ficar por aí.
«A nossa democracia foi sequestrada», grita o vocalista ao microfone. Não demorou muito, depois disso, para que os Rage Against the Machine se lançassem em “Bulls on Parade”. «As nossas liberdades eleitorais neste país acabaram enquanto forem controladas por corporações. Não vamos permitir que estas ruas sejam tomadas pelos Democratas ou pelos Republicanos!», vocifera Zack para uma juventude destituída de direitos. E a banda percorre um set de 40 minutos repleto de êxitos do seu passado e com a promessa de um novo futuro. Canções como “Sleep Now in the Fire”, “Guerilla Radio”, “testify”, bem como a versão de “Beautiful World” dos DEVO e uma homenagem aos MC5, com “Kick Out The Jams”.
Embora a qualidade de som tenha sido algo irregular, o sentimento do concerto ressoou pelas ruas e pelas paredes da Convenção Nacional Democrática. Após a malha final, um quase inevitável mini-motim eclodiu e viu a polícia responder com mãos pesadas e balas de borracha, derrubando os ideais de revolução à medida que avançavam. Apesar de o impacto físico na Convenção ter sido muito reduzido, as reverberações do espectáculo ou comício improvisado ecoam até hoje para todos os envolvidos.
Para os Rage Against The Machine, foi um dos últimos espectáculos do seu primeiro mandato e veria a banda a chegar ao fim, até ao regresso planeado para 2020 e concretizado após a COVID-19 ter virado o mundo do avesso.
RATM: O Futuro Incerto
Quando os Rage Against The Machine cancelaram o resto das datas da sua digressão de 2022 e 2023 devido à ruptura do tendão de Aquiles de Zack de la Rocha, os fãs provavelmente presumiram que os concertos seriam remarcados assim que o cantor estivesse curado. No entanto, numa nova entrevista, o guitarrista Tom Morello sugere que o futuro da banda é incerto e que há uma hipótese desses espectáculos nunca virem a acontecer.
Depois de alguns atrasos devido à pandemia, o quarteto de Los Angeles iniciou finalmente a sua tour de reunião no Verão passado, com De La Rocha a lesionar-se gravemente durante a segunda data da rota. A verdade é que o cantor lutou para fazer o resto das datas na América do Norte sentado em palco, mas o grupo acabou por anunciar que os concertos programados para 2022 na Europa e as datas de 2023 na América do Norte tinham sido canceladas para lhe dar tempo para se curar. Podem decobrir mais na LOUD!