Ravi Shankar & George Harrison

Ravi Shankar, que o Ocidente vê como o máximo expoente da música indiana gravou “Chants Of India” em 1997. O álbum foi produzido pelo seu grande amigo, George Harrison a quem ensinara os mistérios da sitar.

Robindro Shaunkor Chowdhury nasceu a 7 de Abril de 1920 no seio de uma família privilegiada na Índia. Antes de se iniciar na música, começou como bailarino – uma forma máxima de expressão artística na cultura indiana – e aos 13 anos de idade desenvolveu esse talento em Paris enquanto ia aprendendo a tocar vários instrumentos. Através das viagens com esse grupo de bailado teve contacto com a música ocidental, com os grandes compositores clássicos e o jazz, a paixão pela música ia aumentando e foi encaminhada sob a orientação de Allaudin Khan, o seu mentor.

Após o seu período de formação e escolhendo a cítara como instrumento predilecto, a partir de 1956, Ravi desenvolveu uma carreira que durante mais de meio século se tornou uma das maiores fontes de criatividade na fusão de elementos entre a cultura indiana e a anglo-saxónica. Os seus mantras musicais chegaram mesmo ao ponto de se tornar um dos baluartes da geração hippie, do psicadelismo, e banda sonora para o mundo da experimentação de drogas alucinogénicas. A procura pelo transcendentalismo mental. Dessa forma acabou por ser procurado por todos aqueles que se tornaram os colossos da indústria, Janis Joplin, Hendrix, Rolling Stones ou os Beatles.

No dia 11 de Dezembro de 2012, o músico não resistiu à deterioração do seu estado de saúde. No seu website oficial surgiu uma declaração da família: «Como todos sabem, nestes últimos anos o seu estado de saúde era frágil e na 5ta feira foi submetido a uma cirurgia que poderia ter-lhe dado uma maior esperança de vida. Infelizmente, e apesar de todos os melhores esforços dos cirurgiões e dos médicos que o tinham ao seu cuidado, o seu corpo não conseguiu resistir ao esforço da cirurgia. Estávamos ao seu lado quando faleceu. Sabemos que todos vocês sentem a nossa perda e agradecemos a todos pelas vossas preces e condolências durante este tempo difícil. Ainda que seja um tempo de tristeza é também um tempo para todos darmos graças de termos tido a possibilidade de que ele tivesse feito parte das nossas vidas. O seu espírito e legado viverão para sempre nos nossos corações e através da sua música». Aquele que é por muitos considerado o expoente máximo da música indiana no Ocidente juntou-se hoje aos seus Ishvaras.

A influência junto dos Beatles será o marco mais significativo na fama de Ravi Shankar, a quem George Harrison apelidou de “padrinho da world music”. Foi também com o guitarrista dos Fab Four que desenvolveu uma relação de enorme proximidade pessoal, tornando-se como que um guru do músico inglês. George Harrison travou conhecimento com Ravi Shankar em 1966, já nos últimos anos de carreira dos Beatles. Shankar ensinou-lhe os rudimentos da sitar e tornou-se um mentor em assuntos da cultura e espiritualidade da Índia.

Musicalmente, será simples identificar essa influência a partir de álbuns como “Rubber Soul”, onde “Norwegian Wood” se tornou a primeira música rock conhecida a ser tocada com sitar, até “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” como expoente máximo desse manto musical. Aquela relação é bem retratada no documentário “George Harrison: Living In The Material World”.

Nesse sentido, aquando do Record Store Day de 2020 foi reeditado, pela primeira vez, de “Chants Of India”, um trabalho colocado originalmente em disco em 1997, resultado de uma colaboração entre Ravi Shankar e George Harrison, sendo um dos últimos projectos realizados pelo “Silent Beatle” antes da sua morte, em 2001.

O álbum original foi uma edição da Dark Horse (editora de Harrison) e colecciona 16 temas de Ravi Shankar, amigo e mestre musical do guitarrista dos Beatles. Além de ter produzido o disco, Harrison contribuiu com vozes, guitarra acústica, auto-harpa, baixo, vibrafone, marimba e glockenspiel.

Em 1997, numa entrevista com a Rolling Stone, Shankar referiu: «O George foi muito entusiástico e quis assumir a produção. Estes cânticos são muito antigos, das Escrituras. Alguns fui eu quem os compôs. “Mangalam” surgiu-me enquanto caminhava em Friar Park, na propriedade do George, onde estivemos a gravar. Estava a olhar as árvores e o céu e, sentindo-me subitamente bastante exaltado, desejando que tudo devia ser bom para toda a gente, tive a ideia».

Portanto, em 2020, “Chants Of India” foi feito disponível em duplo LP (180 gramas em vinil vermelho), acompanhado de uma impressão fotográfica (12”x”12) exclusiva. Podem disparar a versão digital do álbum no player seguinte. A foto que abre o artigo é de Ed Caraeff, para a Morgan Media Partners.

Um pensamento sobre “Ravi Shankar & George Harrison

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