Os The Hellacopters num regresso estridente, após 16 anos. Não há muitas surpresas em “Eyes Of Oblivion”, apenas (e não é pouco) consistência, vigor e rock ‘n’ roll!
The Hellacopters lançaram um novo álbum de estúdio, intitulado “Eyes Of Oblivion”, a 1 de Abril de 2022, via Nuclear Blast. O disco marca o primeiro lançamento de longa-duração do grupo sueco desde “Head Off”, editado em 2008. No final de Outubro passado, a banda anunciou ter assinado contrato com a Nuclear Blast Records. Nessa ocasião, os músicos aproveitaram também para revelar que tinham terminado recentemente a gravação de um novo álbum de estúdio, que seria editado na Primavera de 2022. Nicke Andersson comentou, na altura: «Os níveis de entusiasmo estão muito elevados aqui no universo dos The Hellacopters. Sei que disse que isto nunca aconteceria, mas estava errado. […] Temos bons tempos à nossa frente!»
«O álbum tem dez temas e, embora não seja nada fácil ser objectivo, acho que musicalmente resume tudo o que tocamos desde o início em 1994 até agora», dizia o guitarrista e vocalista Nicke Andersson. «Algumas das canções foram escritas há dez ou mais anos e outras são bastante mais recentes. É rock ‘n’ roll tocado com alta energia; há falta de um termo melhor, digo que é rock and roll de alta energia. Vocês podem dizer que isto parece os Beatles misturados com os Judas Priest ou os Lynyrd Skynyrd com os Ramones, mas a melhor forma de descrever este álbum é dizer que soa como os The Hellacopters são hoje». Por seu lado, Jens Prüter, o cabeçilha do departamento A&R da NB Europe, confessava ter ficado «muito feliz por ver os Hellacopters novamente nos seus concertos de reunião recentes e, nessa altura, perguntei se iam fazer um novo álbum, mas não queria estar a elevar demasiado as minhas expectativas. Esta é a prova de que os sonhos se podem tornar realidade. O novo álbum vai provar que ainda são incríveis».
São palavras justas e acertadas sobre o disco, como se veio a verificar desde o primeiro single e tema que abre o álbum, “Reap A Hurricane”. Título à Scorpions e groove à Thin Lizzy, misturado com a sonoridade bem tradicional da banda e com os seus riffs de duas guitarras a culminarem num refrão orelhudo. Estes pressupostos são ainda mais exponenciados numa canção como a que partilha o título com o álbum. Uma bomba de açúcar melódica e e propulsiva. Depois há “So Sorry I Could Die”, por exemplo, onde figuram outras das correntes estéticas da banda. Um tema que tresanda a blue eyed soul e a bourbon reles, principalmente nas linhas vocais que podiam figurar no registo de qualquer banda do Bible Belt. Na bridge antes do solo de guitarra (pelos dois minutos e meio) há uma homenagem notória a Led Zeppelin, nomeadamente a “Dazed And Confused”.
O disco confirma duas coisas. A primeira é que ninguém caminha para novo, mas que privados do fulgor da juventude, os Hellacopters usam as manhas e a temperança da idade nas suas composições e nas suas dinâmicas e com isso ainda são capazes de manter-se em alta rotação. A segunda é que, se na maioria das vezes, queira-se ou não, esta coisa de reuniões redunda em discos para encher chouriços, “Eyes Of Oblivion” não podia estar mais distante dessa realidade. Claro, não há aqui grandes surpresas, nem podia – afinal, os suecos sempre se pautaram por reciclar clichés – mas há ainda muito vigor. Um pouco como sucede nos discos de ZZ Top ou AC/DC. Toda a gente sabe o que aí vem e é sempre uma enorme festa quando chega!