Paulo Furtado criou a banda sonora e assumiu a direcção musical numa encenação de Gonçalo Amorim que está em cena no Teatro Experimental do Porto e integralmente disponível para visualização em streaming.
“Estro/Watts – Poesia da Idade do Rock” parte da poesia ligada ao rock e dos seus autores para explorar a dualidade da palavra do rock e a práctica poética. Tal como a Ilíada ou a Odisseia – histórias que se iam contando nas praças, de heróis e de guerras, de paixões – o rock usou a palavra poética para falar na esfera pública da vida, da morte, da guerra, de amores e desamores, da solidão, das selvas de betão, da experiência da classe trabalhadora e da opressão. Esta dimensão pública, que reúne gente à sua volta, que congrega, contrasta drasticamente com a introspecção que o acto poético exige tantas vezes. Na idade do rock fundou-se um novo lugar na esfera pública para a referência política e estética, um lugar que outrora era ocupado pelo teatro. O que é feito desse património? Onde estão os trovadores? Estro quer devolver ao estilo o estatuto de cancioneiro popular.
Esta peça é um projecto de Gonçalo Amorim e Paulo Furtado. O primeiro é o encenador e o Legendary Tigerman compôs a banda sonora e é responsável pela direcção musical. A tradução dos poemas e acompanhamento historiográfico cabe a João de Menezes-Ferreira.
A produção é do Teatro Experimental do Porto que graciosamente disponibilizou o espectáculo em streaming, na sua forma integral. O desenho de luz é de Nuno meira e o vídeo de Luísa Sequeria (também autora da imagem que ilustra o artigo), com desenho de som de Guilherme Gonçalves.