No final, esta é apenas mais uma banda que cresceu a ajoelhar-se em adoração diante de “Master Of Reality”, mas se há religião pertinente é o Sabbathianismo. E, na década passada, poucos acólitos foram tão intensamente fervorosos como os Tombstones.
Na demo “Volume I” e nos dois primeiros álbuns, “Volume II” e “Year Of The Burial”, há maiores reflexos do groove norte-americano na abordagem ao legado dos Sabbath, desde uns Bongripper e até aos próprios Melvins, outra instituição sagrada por direito próprio. E depois, chegou “Red Skies and Dead Eyes” (2013).
Podem ter demorado a tornar plenas todas as suas promessas de convergência entre o groove stoner e o peso do doom metal, mas neste terceiro álbum os noruegueses tornaram-se um colosso de fuzz sabbathiano com alguma da excentricidade dos Cathedral. Em qualquer das suas facetas, no entanto, o resultado é similar a algo como estar a assistir aos pedreiros ancestrais que construíram monumentos como o Stonehenge.
Gravalhões de baixo, som demolidor de guitarra e pancada de bateria à Bill Ward. Os noruegueses possuem densidade sonora e peso, além de groove e feeling. Optem eles por uma abordagem mais focada no peso ou no balanço. Na nossa perspectiva, os Tombstones (que não editam desde 2015) sofreram por devotar-se a uma sonoridade subjugada pela sombra dos mais mediáticos Electric Wizard, mas isso sempre foi uma tremenda injustiça (para não dizer um crime) para um guitarrista como Bjørn-Viggo Godtland, cuja capacidade com o instrumento nas mãos enfia facilmente Jus Osborn no bolso. Tudo bem, há outros factores como o carisma nessa equação da popularidade, mas os noruegueses também o possuem em abundância.
“Red Skies and Dead Eyes” foi gravado por Petter Svee e Billy Anderson nos Caliban Studios. O primeiro misturou o disco em colaboração com a banda. O segundo já assinou discos de Sleep, Melvins, Cathedral, Neurosis ou Ratos de Porão. Estão a ver o contexto, supomos? Podem obter o álbum em vinil ou CD em www.soulsellerrecords.com – e se professam credo no doom metal, deviam pensar seriamente em ter este discaço, com os seus riffs esmagadores e excelente trabalho vocal, na vossa colecção.