Gravado por Sanford Parker nos Seraph Studios, no Outono de 2001, e masterizado por Douglas Ward nos Maximum Mac Studios, este trabalho homónimo permanece com a sua força bruta intacta, com uma rudeza que o torna numa espécie de Evangelho de S. Marcos dos Pelican.
Inicialmente lançado em modo DIY, numa edição limitada, o EP receberia o selo da Hydrahead (www.hydrahead.com) em 2003, precisamente no dia 25 de Fevereiro. Hoje, essa edição vigora na fonoteca aqui do tasco, mas o devastador contacto com malhões como “Mammoth” (um daquele que vale uma carreira) foi através de partilha de ficheiros no mIRC.
Recordando os primeiros anos desta banda fundada em Chicago, entretanto mudada para Los Angeles, atingiu meio mundo com ondas de choque violentas: guitarras em afinações baritonais graves, riffs ultra pesados, com algumas aproximações ao sludge e experimentação nas guitarras, assente numa parede colossal de ritmo.
Normalmente, este tipo de sonoridades surgia com dificuldades de delimitação de frequências entre as guitarras e baixo, devido às afinações com tonalidades tão próximas, que terminavam por soar algo indistintas. Mas nestes discos dos Pelican, cada espectro instrumental surge no seu espaço próprio, interligado com o que o rodeia. O som das guitarras, principalmente, ganha uma definição incrível que se alia ao punch da secção rítmica e torna o som monolítico, sem ser saturante.
Isto é uma mais-valia considerável se pensarmos que as estruturas de composição dos discos, totalmente instrumentaais, assentam sobre a repetição de grandes blocos de ritmo, com poucas variações melódicas que surgem apenas a pontuar os temas (mais verdade em “Australasia”, e principalmente no devastador EP de estreia, menos verdade nos outros dois álbuns), para permitir variações de dinâmica aos mesmos.