Whatever Nevermind

Recordamos o mais sucedido álbum dos Nirvana e o tributo ao tremendo “Nevermind”, com versões pelos Boris, Torche, Kylesa ou Thou, em streaming gratuito. Ainda a guitarra que a Fender aproveitou para trazer de volta, nas celebrações do 30º aniversário.

“Nevermind” completou três décadas no dia 24 de Setembro de 2021. Em entrevista recente à Uncut, para assinalar a efeméride, o baterista Dave Grohl e o baixista Krist Novoselic falaram de tudo um pouco, com destaque para as humildes aspirações que os Nirvana tinham quando estavam a produzir o álbum. «Ninguém pensava que os Nirvana iriam ser uma grande banda. Pensámos: ‘Esperemos conseguir o sucesso de uma banda como os Sonic Youth e cada um terá o seu próprio apartamento!’ Essa era a extensão das nossas ambições», afirma o baterista, que também recorda o momento em que a banda percebeu que “Nevermind” estava a invadir o mainstream. O trio estava em digressão para apoiar o lançamento quando começou a notar que as suas audiências cresciam exponencialmente. «Iniciámos a digressão numa carrinha e tocávamos em salas para 95 pessoas. Um mês e meio depois fizemos o nosso último espectáculo na América, no Halloween, no Teatro Paramount em Seattle, que acolheu cerca de 3.000 pessoas. Nessa noite fomos notificados de que tínhamos um disco de ouro».

Noutro ponto da entrevista, o baixista Krist Novoselic confessava, a respeito de reedição com sons inéditos, que «não há nenhum material novo por descobrir», uma vez que as cassetes das sessões de “Nevermind” já foram todas libertadas ao longo dos anos. Já Dave Grohl, quando questionado sobre música inédita da banda, observou que as sessões não deixaram muito espaço para material raro, dizendo: «Não tivemos tempo para gravar canções extra. Já passaram 30 anos, mas acho que não sobrou muito. Usámos o que tínhamos». Novoselic falou ainda sobre o contrato com uma grande editora, em 1991, quando os Nirvana trocaram a Sub Pop pela DGC. O baixista garante que nunca esteve em conflito sobre a decisão de assinar pela major. «Havia a música, o que era uma coisa, e depois havia toda esta outra parte que era uma situação completamente nova, com coisas que já não estavam em Olympia ou Tacoma. Era todo este grande mundo e nós a tentar adaptar-nos».

No final, o sucesso comercial de “Nevermind”, em 1991, deu a expressão que faltava a um público carente de referências e afirmação. Na figura de Kurt Cobain reflectia-se a imagem de uma juventude perturbada, desencontrada, proveniente de uma América destroçada pelo “peace and love” do “baby-boom” de 60. E, por entre fama, descontrole, e polémica, a estabilidade da banda começava a dar os primeiros sinais de ruptura…

Em 2015, em dia de Record Store Day, uma das grandes edições associadas à já icónica iniciativa foi disponibilizada em streaming digital. A Robotic Empire libertou gratuita e integralmente o seu tributo aos Nirvana, a compilação ”Whatever Nervemind”. Não obstante o streaming, a Robotic Empire lançou também uma edição em vinil colorido, que surgeiu acompanhada de um 7” bónus e download digital, além de um poster. No tributo destacam-se bandas como Boris e tocar “Lithium”, Torche com “In Bloom”, Kylesa e “Come As You Are” ou as duas últimas músicos do icónico “Nevermind” pelos Thou.

A Fender Jag-Stang de Kurt Cobain

O modelo de assinatura Jag-Stang de Kurt Cobain fará o seu tão aguardado regresso em Outubro de 2021, desta vez como um modelo de fabrico mexicano. A reedição da guitarra, que acompanha assim as comemorações do 30º aniversário de “Nevermind”, segue as especificações originais pedidas por Kurt Cobain em 1993 para combinar os elementos favoritos dos seus modelos Fender Jaguar e Mustang, tendo um corpo de alder, escala curta de 24″ em rosewood e pickups single-coil e humbucker custom. Kurt Cobain trabalhou com a Fender’s Custom Shop no desenvolvimento da Jag-Stag antes da sua morte e até chegou a levar o protótipo para a estrada em 1994. «Kurt sempre tocou com ambas as guitarras», disse Larry Brooks, da Fender, sobre o amor do músico pelos modelos Jaguar e Mustang. «Ele tirou fotografias de cada um dos modelos, cortou-as ao meio e colocou-as juntas para ver como seriam. Era o seu conceito, e nós detalhámo-lo para lhe dar equilíbrio e sensação».

«Era muito fácil trabalhar com ele. Tive a oportunidade de me sentar e falar com ele, depois construímos-lhe um protótipo. Ele tocou-o durante algum tempo e depois escreveu algumas sugestões sobre a guitarra e enviou-nos de volta», acrescentou Brooks. Cobain ficou evidentemente satisfeito com a guitarra. «Desde que comecei a tocar sempre gostei de certas coisas sobre certas guitarras, mas nunca consegui encontrar a mistura perfeita de tudo o que procurava», disse um dia Cobain a Chuck Crisafulli, na sua última entrevista sobre a guitarra. «A Jag-Stang é a coisa mais próxima disso. E gosto da ideia de ter um instrumento de qualidade no mercado sem noções pré-concebidas anexadas. De certa forma, é perfeito para mim. Anexar-lhe o meu nome, na medida em que sou o anti-guitar hero – mal consigo tocar as coisas sozinho».

Embora discordemos desse último ponto – Cobain era um guitarrista muito mais matizado do que os seus detractores alguma vez irão sugerir -, a proposta única da Jag-Stang continua a ser válida. E esta reedição é oferecida nos mesmos acabamentos que antes: Sonic Blue e Fiesta Red. A Jag-Stang estará disponível por 1.399 euros. Mais detalhes da Fender.

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