Pat Smear & O Trauma Inultrapassável da Morte de Kurt Cobain

Eis o testemunho emocionado do guitarrista Pat Smear, que acompanhou Kurt Cobain na sua última ida ao hospital, em Roma, um mês antes do frontman dos Nirvana ter cometido suicídio.

A morte de Kurt Cobain, o ídolo de uma geração, resultou em autênticas ondas de choque por todo o mundo a 5 de Abril de 1994, quando o líder dos Nirvana perdeu a sua batalha contra a saúde mental e, tragicamente, tirou a sua própria vida. Na altura, os Nirvana eram muito provavelmente a maior banda do mundo e pareciam imparáveis, mas o desaparecimento de Kurt acabaria de repente com a história da banda de “Nevermind”. Sem Cobain, não havia Nirvana, e fazer música era, nessa altura, a última coisa na mente dos restantes músicos.

Pat Smear só se tinha juntado ao grupo em 1993 como guitarrista ao vivo, mas ganhou preponderância na banda e tem sido uma figura (quase) sempre presente ao lado de Dave Grohl, nos Foo Fighters desde a sua formação. Aliás, a banda de Pat Smear, The Germs, foi uma espécie de modelo para os Nirvana enquanto estes ‘cresciam’, e foi uma revelação para os músicos quando descobriram que Cobain gostava deles tão fervorosamente. Dada essa ligação, fazia todo o sentido aproveitar a oportunidade para Smear se juntar ao grupo que na altura liderava o rock à escala planetária.

Apesar de ter tocado com os Nirvana durante pouco tempo, Smear construiu uma ligação especial com Cobain e o último telefonema que recebeu do ícone de uma geração continua a ser uma memória viva – e dolorosa – para o guitarrista. «Foi um telefonema inesperado de Kurt. Eu era um fã, como toda a gente. Tinha lido uma entrevista deles não muito tempo antes de ele telefonar-me, quando me disse que os Nirvana sempre estiveram destinados a ser quatro pessoas. E pensei: ‘Uau, quero fazer parte. E depois aconteceu’», recorda o músico.

Contudo, o sonho dos Nirvana era contrastante com a realidade e o stress de estarem numa banda tão grande pesava-lhes na mente, especialmente na de Cobain. Já não eram apenas uma banda, eram uma instituição, uma empresa que agora precisava de ganhar dinheiro para outras pessoas, algo que nunca agradou a Cobain, que ficava completamente exausto quando estava em digressão. «O Kurt decidiu que queria fazer uma pausa», explica Smear no documentário dos Foo Fighters, Back & Forth. Durante a pausa na última digressão dos Nirvana, do álbum “In Utero” – que passou por Lisboa -, Dave Grohl foi para casa, mas Pat Smear ficou na Europa com o frontman, em Roma, quando Cobain sofreu uma overdose, apenas um mês antes da sua morte.

«Fui com ele ao hospital. Não sabia o que fazer, digo que é o Kurt Cobain e peço para cuidarem dele imediatamente? Ou digo que é apenas um tipo qualquer para não chamarem a imprensa… Finalmente, decidi-me pela primeira opção». Smear levou Cobain ao hospital naquela noite e garantiu que este recebia tratamento preferencial, o que ajudou a salvá-lo da morte. Infelizmente, apesar de Smear ter assegurado que Cobain sobrevivia a este susto, apenas um mês depois, o líder dos Nirvana faleceria em Seattle. «Foi realmente triste. Tinha uma mensagem de Kurt, mas eu não estava em casa, Por isso… Não o pude ajudar. Aquela foi a última vez que falei com ele ou o vi», acrescenta Smear, emocionado.

Tudo em torno da morte de Cobain foi traumático para os envolvidos, pois todos continuam a questionar-se se poderiam ter feito algo mais para o ajudar. Infelizmente, esses pontos de interrogação irão pairar durante muito tempo, quiçá, para sempre. Dispara o player em baixo, onde é notória a recriminação que Pat Smear ainda sente…

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