Bob Rock & St. Anger: «É Uma Tarola, Dêem a Merda de Um Desconto»

O produtor por detrás do álbum dos Metallica “St. Anger” desmistificou o som de tarola que tanto deu que falar ao longo dos últimos anos. Em entrevista ao Tone-Talk, Bob Rock explicou como tudo aconteceu.

“St. Anger”, álbum de 2003, sempre foi um disco intimamente ligado a um som específico… O da tarola de Lars Ulrich. Adorado por uns, odiado por muitos, o som da tarola deste disco tem sido, ao longo dos anos, largamente ridicularizado. Vários são os vídeos de paródia replicados por essa internet fora, a gozarem com o som da tarola de “St. Anger”. Até o próprio Lars Ulrich já fez uma ou outra tentativa de aligeirar a questão, referindo-se ao som gravado e simplificando o assunto.

De resto, polémica em torno dos álbuns de Metallica não é uma novidade. Mais de 30 anos depois da edição do álbum “…And Justice For All”, na revista de fãs dos Metallica, a So What!, Hetfield respondeu a uma questão sobre se Jason Newsted o teria abordado ou a Lars sobre o facto de o som de baixo estar tão atenuado na mistura do disco.

Foi em 2019 que o frontman dos Metallica abordou aquela que é uma das maiores polémicas na carreira da banda. James Hetfield deu algumas explicações sobre a controversa mistura do clássico álbum “…And Justice For All”. Até aí, o som de baixo era um dos pilares mais distintos na estética sonora dos Metallica, graças ao lendário Cliff Burton. Em 1988, os fãs ficaram siderados pela debilidade de graves na mistura de “…And Justice”. E o uso excessivo, quase maníaco, que Kirk Hammett faz do pedal wah, também é tema recorrente.

De volta a “St. Anger”. Recentemente, durante uma recente entrevista ao canal Tone-Talk, com Dave Friedman e Mark Huzansky, o produtor Bob Rock aproveitou a oportunidade para explicar como surgiu esse som e porque é que não vê razão para tanto alarido em torno desse pormenor.

«Isto é interessante, há uma história. Enquanto estávamos a fazer [St. Anger], fomos à casa de Lars [Ulrich] em Oakland. Divertimo-nos imenso, o Lars falou-me das suas baterias e de como foram montadas num determinado lugar. Estávamos à procura de inspiração, digamos assim, porque James não estava lá, por isso eu disse, ‘Puxa pela bateria, usa o pedal duplo’. Então ele montou a bateria na sala de ensaios. Finalmente, ele sentou-se e disse: ‘Dá-me só uma tarola’. Eu tinha comprado uma Plexi Ludwig [Vistalite] porque queria experimentá-la, e ele colocou-a no kit de bateria, e disse: ‘Este é o som’».

O produtor explicou também o simples processo de micagem da bateria desse disco e a razão por ter tomado essa opção: «Então, basicamente, fizemos uma demo, e eu usei dois [SM] 58s, um no bombo e um par de microfones simples, e fizemos uma demo, e esse era o som. Não o estou a culpar, se conseguirmos envolver um conceito, este era o som da bateria quando estavam a ensaiar o álbum, é basicamente o mais próximo de estarem naquela sala, e não importa o que todos dizem, manteve a banda unida, e isso inspirou-os a continuar. Por isso, estou bem com todas as críticas que ouvi. É a merda de um som de tarola, dêem-lhe um desconto”!»

Podes assistir à conversa no player seguinte.

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