Glenn Hughes, cantor e baixista no Mark III dos Deep Purple e no fulgurante “Burn”, passa em Portugal a celebrar o 50º aniversário do álbum, tocando-o na íntegra no Estoril e no Porto.
Glenn Hughes fez parte do Mark III e ainda do Mark IV dos Deep Purple. Nesse primeiro período, Hughes assumia o baixo e vozes, partilhando esta última tarefa com David Coverdale em várias ocasiões. Ian Gillan e Roger Glover tinham saído da banda, mas os génios criativos de Jon Lord e Ritchie Blackmore permaneciam, tal como o baterista Ian Paice, e a banda conseguiu criar outro dos seus mais emblemáticos álbuns em “Burn”.
Depois, chegou ainda “Stormbringer”, disco que promove sentimentos mais polarizados. Então Blackmore saiu da banda e os Deep Purple ponderaram acabar. Ao invés disso, recrutaram Tommy Bolin. Todavia, o álbum que o Mark IV gravou foi alvo de fortes ataques por parte dos fãs e imprensa especializada e os seus méritos só nos anos recentes foram laudados. Assim, ainda que o seu desempenho comercial tenha sido razoável, os Deep Purple anunciaram o fim (só se reuniriam já em 1984). Tudo isto decorreu num curto espaço de três anos.
As emoções dessa altura turbulenta nos Deep Purple vão agora ser revividas, afinal Glenn Hughes vai passar em Portugal com a tour ‘Glenn Hughes Performs Classic Deep Purple Live’. Nesse contexto, Hughes vai interpretar integralmente o primeiro disco que gravou com os titãs hard rockers britânicos e ainda alguns clássicos remanescentes criados pelo Mark III e IV. Hughes assume o baixo e a voz e estará acompanhado por Soren Andersen (guitarra), Ash Sheehan (bateria) e Bob Fridzema (teclados). Os concertos estão agendados para 10 de Maio, no Casino Estoril, e 11 de Maio, no Coliseu Porto Ageas.
«Foi há 50 anos, no Verão de 1973, que o álbum ‘Burn’ dos Deep Purple foi escrito no castelo de Clearwell, em Gloucestershire, no Reino Unido. Foi gravado depois em Outubro em Montreux, na Suíça», recorda Hughes. «Tornámo-nos todos um neste castelo centenário no interior do Reino Unido, parecia que os Deep eram uma nova banda, com David (Coverdale) e eu como novos membros, mal podíamos esperar para começar a trabalhar numa nova canção. A atmosfera era eléctrica, num ambiente espantoso».
«Todas as canções em ‘Burn’ foram escritas na cripta, por baixo do grande salão. Trabalhávamos todos os dias numa nova canção e estávamos num fluxo. Musicalmente, tocávamos e trabalhávamos ideias e o David e eu criávamos melodias vocais que mais tarde teriam letra. Lembro-me como se fosse ontem. Como podem imaginar, o Ritchie Blackmore estava em modo jocoso, o Jon tinha-me avisado, e uma noite armadilhou o meu quarto com um altifalante escondido e ouvia vozes fantasmagóricas à minha cabeceira».
A terminar, Hughes refere que «o tema título foi a última canção a ser escrita. Voltámos do bar, e descemos à cripta, e a magia aconteceu. Está na hora de celebrar ‘Burn’, e estou realmente ansioso por reencontrar os fãs».

Depois de os Deep Purple terem celebrado os 50 anos de “Machine Head” com um concerto no Campo Pequeno, em Lisboa, no ano passado, esta é mais uma boa oportunidade para os adeptos nacionais do hard rock festejarem outro discaço. Os bilhetes para os concertos em Lisboa e no Porto já estão à venda nos locais habituais e custam entre 30€ a 50€.