Depois de reinventar Radiohead e a lenda jazz Dizzy Gillespie, os Imperial Triumphant prestam homenagem aos reis do prog rock e à maior banda de heavy metal de todos os tempos.
Adorados por pares de quadrantes tão diversos como são os Meshuggah, os Mr. Bungle ou Kenny G (pasme-se), o mais recente álbum dos Imperial Triumphant é “Spirit Of Ecstasy”. O soberbo quinto álbum do trio é um delírio de fusão entre jazz e black metal, executado por músicos de elite. Um vibrante retrato de Nova Iorque em “O Grande Gatsby”, de Scott Fitzgerald, misturado com o horror sobrenatural de Lovecraft, como podem ler na review aqui na ROMA INVERSA.
O álbum foi editado em 2022, mas os músicos encontram-se num dinâmico frenesim criativo (ou talvez seja apenas resultado do alcaloide estimulante que tanto glorificam nos seus discos) e anunciaram no final da Primavera que iriam criar uma série de versões a canções que os motivam ou inspiram a fazer música. Uma série de covers que o trio nova-iorquino, liderado pelo guitarrista Zachary Ilya Ezrin, iniciou em Junho de 2023, com a sua reinterpretação black metal e avant jazz de “Paranoid Android”, dos Radiohead, que nos remete ainda para “Metropolis”, filme de Fritz Lang.
No mês seguinte chegou a cover de “A Night In Tunisia”, uma composição do trompetista americano Dizzy Gillespie e que serve de síntese perfeita à estética dos Imperial Triumphant. Steve Blanco foi o porta-voz do trio. «Ecoando os sons da grandeza dos meados do século vinte, esta música foi composta em Nova Iorque com o título ‘Exotic Place’, depois substituído. Os Imperial Triumphant gostariam de tocar na Tunísia um dia».
«A nossa frenética versão deriva particularmente da gravação de 1960 de Art Blakey And The Jazz Messengers. O Lee Morgan estava nesse disco; foi baleado pela sua ex-namorada durante um concerto e sangrou até à morte. Os EUA produziram arte fantástica nos anos 60 e Nova Iorque era um óptimo ponto de encontro para os músicos. Tal como os pontos de luz na coroa do Chrysler Building, alguma música transcende os tempos», conclui o baixista.
Foi no dia 6 de Setembro de 2023 que os Imperial Triumphant editaram a sua versão de um dos maiores clássicos gravados por Geddy Lee, Alex Lifeson e o saudoso Neil Peart. «Ascensão a um plano superior através dos doze antigos degraus da Escada de Jacob».
Steve Blanco, o baixista dos Imperial Triumphant comenta a pesada, dissonante e sinistra versão que a banda fez de “Jacob’s Ladder”: «A ampla influência dos Rush em imensa música pesada é indiscutível, e ainda que consideremos que a nossa música é muito diferente da sua, há uma longa linha que une ambas. Como devotos fãs do seu enorme acervo de obras, queríamos incluir uma canção na nossa série de covers que prestasse tributo a esta banda tão singular. Também queríamos que a imagem de capa reflectisse o icónico artwork de ‘Permanent Waves’».
A cover mais recente, edita no passado dia 18 de Outubro de 2023, é um dos pilares da fundação do thrash metal. Nada mais nada menos que “Motorbreath”, tema do pivotal álbum de estreia dos Metallica, “Kill ‘EM All”, cujo vanguardismo interpretativo dos Imperial Triumphant nos afasta radical e surpreendentemente do explosivo original com um tremendo estilo.
Recorremos novamente às palavras de Blanco, que comenta: «Sendo nós uma banda de metal, só um idiota poderia crer que não somos influenciados pelos Metallica. Ao longo de muitas horas e quilómetros em viagem pelo Hemisfério Norte que temos ouvido a imponência dos Metallica nas décadas de 80 e 90, de tal modo que decidimos prestar homenagem com uma cover nostálgica desse vetusto álbum gravado a norte do Estado de Nova Iorque. Aumentem o volume, pois o metal é lei».