Os Sunn O))) entraram para a prestigiada série histórica Sub Pop’s Singles Club, através de um 7” com as malhas “Evil Chuck” e “Ron G. Warrior”, onde prestam homenagem ao lendário mentor dos Death e a Ron Guardipee, parceiro de Greg Anderson nos tempos dos Brotherhood.
Os ubíquos titãs do drone-doom Sunn O))), que reúnem as forças de Greg Anderson e Stephen O’Malley, estrearam duas novas malhas: “Evil Chuck” e “Ron G. Warrior.” Cada uma delas pretende-se como uma homenagem a dois malogrados músicos no heavy metal, o lendário cérebro dos Death, Chuck Schuldiner, e Ron Guardipee, de relevância mais íntima por ter sido antigo colega de Greg Anderson nos Brotherhood, banda anterior aos Sunn O))).
“Evil Chuck” e “Ron G. Warrior” também servem como as contribuições dos Sunn O))) para a série de subscrição de vinil 7” Sub Pop’s Singles Club, cujo histórico incluem nomes como Nirvana, Soundgarden, Fugazi, L7 ou Rollins Band, entre muitos outros.
Os Sunn O))), num comunicado conjunto de Greg Anderson e Stephen O’Malley, comentaram este registo discográfico: «No 25.º aniversário dos Sunn O))), este é um extraordinário momento de ‘círculo-fechado’ para nós. Crescemos no norte de Seattle, iniciámos a nossa colaboração musical, no início dos anos noventa, em Seattle e fomos alimentados pela série de singles Sub Pop desse período. Uma série que possui uma história incrível, contando com a participação de muitas das nossas bandas favoritas».
«Este ano celebra-se também o 35.º aniversário da Sub Pop, o 30.º aniversário de ‘Earth 2’ e o 50.º aniversário do Sunn O))) Model T! Os Sunn O))) gostariam de agradecer a Jonathan Poneman, Nick Turner e a toda a equipa da Sub Pop por nos convidar a fazer parte deste legado», concluem Anderson e O’Malley.
Dispara “Evil Chuck” e “Ron G. Warrior” no player seguinte…
Legado
Formados em 1998, pelas mãos de Stephen O’Malley e Greg Anderson, os SUNN O))) têm vindo a revolucionar a forma como pensamos a música, construindo um corpo de trabalho que forja novas conexões entre os mundos do metal, drone, jazz, minimalismo e composição contemporânea. Nas suas edições de estúdio, exploram práticas composicionais complexas sem, com isso, abandonar a estética visual do metal, escavando e expandindo o próprio género – algo ainda mais evidente em colaborações com figuras como Scott Walker, Pan Sonic, Earth, Ulver ou Boris.
Ganharam a admiração e reconhecimento internacional pelos seus imensos e imersivos espectáculos ao vivo, onde exploram a construção de autênticas câmaras de reverberação através de riffs quase estáticos que evoluem, gradualmente, para atmosferas densas, pensadas ao detalhe. Três palavras nos cruzam a mente: volume, densidade, peso. Todos elementos essenciais para a criação de uma experiência sensorial intemporal, intensificada pela névoa espessa, os mantos negros com capuz e os gestos cuidados de quem sobe a palco. Pelo caminho, influenciaram toda uma geração de bandas de pós-metal, com a sua postura ritualista em palco a funcionar como um acompanhamento sombrio perfeito para o volume ensurdecedor que sacam a uma muralha de amps nos seus concertos.
O sentido experimental dos SUNN O))) ultrapassa largamente o espectro negativo tantas vezes associado ao que se chama de sonoridades extremas. A força física do som da banda possui um sentido xamânico e, no final, catártico. A potência extrema dos amps une a assimetria entre mundo sensível e mundo inteligível, racionalismo e misticismo. Surpreende o metodismo com que, inspirados no imenso poder dos amps que homenageiam, a banda constrói mantras valvulados. Tivemos a oportunidade de desvendar um pouco desse universo onde o mecânico e o espiritual se tocam, na última vez que Stephen O’Malley esteve em Lisboa.
No seu 10º aniversário, em 2016, o MusicBox recebeu uma espécie de “lado B” dos Sunn o))). Estavam 5 stacks no palco do MusicBox, uma parede composta por 5 pilares encimados por cabeços Ampeg e ainda duas misteriosas e pequenas unidades nas colunas do centro, cruzando-se com os dois SVT II PR e com colunas Marshall. É como um EQ gigante, cada pilar controla uma zona de frequências. Podem ler essa entrevista com SOMA (abre em novo separador).
Sunn Amps 2023
A Fender e a Mission Engineering anunciaram o impressionante regresso dos amplificadores Sunn, uma das marcas de amplificadores de guitarra clássicos de maior culto de todos os tempos, usada e abusada por músicos de rock adeptos de alto volume, desde Pete Townshend e Jimi Hendrix até Boris, Melvins e, mais notavelmente, os pioneiros do drone Sunn O))), que se denominaram em honra da marca. Prevê-se que novos modelos e acessórios estejam disponíveis até ao final de 2023.
Para fazer um enquadramento de tudo isto, a Fender adquiriu a marca em meados dos anos 80, mas tirando uns reissues que se revelaram aquém das expectativas, os Sunn Amps têm estado adormecidos durante muitos anos. E ainda assim, talvez o mais surpreendente nesta ressurreição seja o facto de ter demorado tanto tempo. Os amplificadores valvulados Sunn, particularmente os modelos como o Model T, tornaram-se um pilar sónico para grande parte do som de guitarra do rock alternativo e do doom metal.