Master Boot Record

MASTER BOOT RECORD, Helsínquia

Os MASTER BOOT RECORD partilharam um bootleg oficial (com áudio da mesa de mistura) da sua passagem na capital finlandesa, que teve lugar poucos dias depois do seu estrondoso concerto no SWR Barroselas Metalfest, onde surpreenderam tudo e todos. Mergulha neste vibrante universo que funde nostalgia dos 80s, gaming, synthwave e heavy metal shredding neoclássico.

Foram uma das grandes sensações da edição de 2023 do SWR e, principalmente desde a entrada do shredder Edoardo Taddei, conquistam fãs a cada concerto. Vai daí, os MASTER BOOT RECORD publicaram nas suas redes e no seu canal YouTube o bootleg da sua passagem por Helsínquia, que aconteceu poucos dias depois do concerto no Barroselas Metalfest. O vídeo provém de uma câmara fixa com o plano frontal de palco e o áudio é o da mistura FOH. Se não puderam testemunhas o concerto na vila minmhota esta é uma excelente oportunidade para o fazer, pois os sets são em tudo similares.

Sobre esse concerto, aqui fica a nossa crónica. Já tive muitas surpresas (no melhor sentido) no SWR, mas nunca na magnitude daquela do último concerto, no último dia, da edição de 2023. Sendo humildemente honesto, quando andava com o gang da LOUD! a preparar os textos das cartas alusivas às bandas no cartaz da edição deste ano do Barroselas, passei adiante os Master Boot Record. Foi o José Carlos Santos quem pegou nisso. Aproveito para citar a sua sinopse: «Uma daquelas anomalias mesmo à ‘Zelas Style que o nosso festival favorito gosta de nos atirar para cima de vez em quando, os MASTER BOOT RECORD são, segundo o seu membro principal, Victor Love, obra de um computador que ganhou consciência e que faz toda a música. Apesar de todos os títulos de álbuns e temas serem comandos de sistema operativo e outros temas informáticos, não é preciso um curso em ciência computacional para esta espécie de metal electrónico nos deixar o corpo a mexer – é de tal forma envolvente, que ao fim de algum tempo começamos mesmo a acreditar que isto não é obra de pessoas humanas. O concerto promete…» 

Era promissor, sem dúvida. Synthwave é sempre algo a considerar, com a sua propulsividade viciante, com os beats arredondados com baixos sintetizados e melodias para lá de orelhudas. Sucede que mesmo no disco mais recente, “Personal Computer” (2022), o projecto carecia de um elemento que arrasou o festival. Edoardo Taddei ainda não fazia parte do chip.

Edoardo começou a tocar guitarra aos 6 anos como autodidacta, inspirado por bandas de thrash metal, nomeadamente por Metallica e Megadeth, e depois por guitarristas como Randy Rhoads, Yngwie Malmsteen e Jason Becker. Aos 16 anos começou a estudar com Fabio Cerrone na “Total Guitar Academy”, em Roma. Em Setembro de 2018, fez uma masterclass de guitarra clássica com a Maestra Simona Camilletti, no Conservatório de Santa Cecília de Roma, e depois começou a estudar esse instrumento com Arturo Tallini. Em 2022, Edoardo recebeu uma certificação de Competência de Ensino Avançado no Modern Music Institute International, onde actualmente ensina guitarra. Os trilhos do underground começaram a ser percorridos em 2017, quando fundou o seu projecto a solo, para o qual recrutou David Folchitto (baterista dos Stormlord e Fleshgod Apocalypse). Em 2020 lançou o seu primeiro EP a solo, “NEMESI”, dedicado a Jason Becker. Em Maio de 2022, lançou o seu segundo trabalho a solo, “Timeglass”, que inclui Jeff Loomis como convidado.

Foi por esta altura que também foi editado já referido e mais recente trabalho de Master Boot Record que acabaram por lhe estender o convite a juntar-se ao projecto. O resultado foi visível para todos os que, boquiabertos, se fixaram diante do palco ARENA nas horas finais do SWR. Uma extravagância neo-clássica de synthwave e heavy metal, com Edoardo a redimensionar cada uma das canções a um patamar surreal de shred. Foi um portal mágico para os gloriosos anos 80 e para a cultura tão bem retratada em Stranger Things e no adorado Eddie Munson (interpretado por Joseph Quinn), o metalhead e gamer que protagoniza a 4.ª temporada do blockbuster sci-fi.

Pessoalmente, fui/sou um gamer moderado e não reconheci metade dos jogos a que as malhas foram fazendo referência no projector de vídeo. De shredders, tenho a mania que percebo um bocadinho mais (tendo cegamente desejado tocar guitarra desde puto, ao fim de muitos anos de treino, toco precisamente como um cego). E mais que Rhoads ou Yngwie, foi Jason Becker que se ouviu nos fraseados de Edoardo, no seu soberbo string skipping, cuja precisão e coordenação serviu que nem uma luva por cima das intrincadas melodias de sintetização; no refinado legato, na sua fluidez e subtileza que nos deixava sem conseguir discernir exactamente o que era o som dos synth leads e da guitarra; e a velocidade e exotismo dos arpeggios, fosse na diminuta, na harmónica ou no modo lídio.

Precisão, velocidade estonteante e superabundância melódica. No final, geeks, nerds, thrashers ou punks, pela reacção do público foi notório que todos se sentiram deslumbrados. Pudera, tínhamos acabado de ver um dos maiores génios “anónimos” da guitarra eléctrica, um unicórnio a meio de uma nostálgica viagem à nossa infância e adolescência, aos coloridos a néon anos 80. Confirmem tudo no player seguinte!

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