Motörhead, Ace Of Spades

Em 1980, os Motörhead escreveram, gravaram e editaram o seu quarto álbum. “Ace Of Spades” é um exercício magistral de hard rock, heavy metal e punk.

Se há um álbum que define os Motörhead, para não dizer uma música, é este em que a formação clássica – com Lemmy, “Fast” Eddie e “Philthy” Phil – a soarem no melhor da fusão da banda entre hard rock, heavy metal e alguns fumos punk rock, através de riffs explosivos, tremenda energia e um significativo sentido melódico. Em qualquer lista de “melhores álbuns rock”, este é um trabalho de referência obrigatória e de enorme consensualidade, sendo ainda o trabalho em que toda a gente percebeu que a banda jamais trocaria o seu estilo e substância por modas.

Sem qualquer compromisso, o álbum é comercial quanto baste e ofereceu alguns dos maiores temas radio-friendly da carreira da banda, como são “Ace Of Spades”, o tema que, editado em Outubro de ’79, catapultou as expectativas em relação ao álbum e imortalizou a banda para sempre, “(We Are) The Roadcrew” ou “Jailbait”. Tal como é costume nas obras-primas, o álbum vale mais pelo seu todo do que pelas canções individualizadas, com cada uma delas a soar próxima da perfeição ou, pelo menos, no máximo daquilo que se subentende como as idiossincrasias de um grande álbum de rock. Não há muito por onde adjectivar um disco simples, rápido e directo ao assunto em todos os momentos. Depois, a autenticidade e visceralidade das emoções que transmite.

“Ace Of Spades” foi gravado no Verão de 1980 e editado originalmente a 08 de Novembro do mesmo ano. Funciona como shots de tequila, dá tremendos coices e mete o sangue a ferver! Não pensem, por um segundo que seja, que podem abdicar deste álbum na vossa colecção e auto proclamarem-se fãs de rock ‘n’ roll…

Playing for the high one, dancing with the devil, going with the flow, it’s all a game to me

«Havia uma honestidade nos Motörhead. Os putos da minha geração… adorávamos os Led Zeppelin, adorávamos os Kiss, adorávamos todas estas bandas diferentes, mas eram personagens maiores do que a vida. Já os Motörhead eram os tipos do lado, os tipos do bar. Os Motörhead eram os nossos amigos. Os Motörhead eram quem nós éramos», afirmou Lars Ulrich numa entrevista à revista Classic Rock, que celebrava os 40 anos do álbum “Ace Of Spades”.

«A única coisa que era diferente nos Motörhead era que eles uniam pessoas de todos estes géneros diferentes. Em 1980, o mundo da música era muito mais segregado do que é agora. Por isso, se fosse um tipo do heavy metal, havia um olhar particular, um uniforme. Se fosse um miúdo punk, era o mesmo, ou um miúdo alternativo, se gostasse da Joy Division ou o que quer que fosse. Tudo era muito segregado, especialmente em Inglaterra. Portanto, todos estes punks, skinheads, miúdos alternativos e miúdos de metal… todos adoravam Motörhead. Numa época de divisão e segregação do tipo ‘Vai-te foder, não podes estar no meu grupo’ ou ‘Vamos bater uns nos outros, estilo hooligan do futebol’, os Motörhead foram a primeira banda a realmente unir fãs de todos estes diferentes géneros. Eles acabaram com toda essa divisão. Essa é uma peça importante a recordar na história dos Motörhead», nota o baterista dos Metallica.

Em 2020 celebrou-se o 40º aniversário deste álbum histórico e, como tal, foi editada uma caixa de luxo para coleccionador, que viu a luz do dia a 30 de Outubro desse ano, e que está completa com livros de capa dura em dois formatos de CD e triplo LP, apresentando um concerto inédito da digressão “Ace Up Your Sleeve”, a história do álbum, muitas fotografias inéditas e, ainda, um conjunto de 42 faixas, entre as quais estarão, naturalmente, os clássicos “Love Me Like A Reptile”, “Shoot You In The Back”, “The Chase Is Better Than The Catch” ou “The Hammer”.

Para assinalar a data, a banda, bem ao seu estilo, também lançou um lote limitado de bourbon a meias com a premiada destilaria Hillrock Distillery. O lançamento foi limitado a apenas 1.100 garrafas numeradas à mão, cada uma embalada numa caixa toda bonita. O primeiro barril engarrafado totalizou 599 garrafas com um volume de álcool de 57,8%, enquanto o segundo barril rendeu 623 garrafas com um volume de 57,65%. O bourbon de qualidade superior serve como prova tanto do legado duradouro dos Motörhead como da continuidade do trabalho artesanal da Destilaria Hillrock.

Um pensamento sobre “Motörhead, Ace Of Spades

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