Nos dias 22 e 23 de Dezembro, o Not A XMAS Fest reúne um elenco nacional escolhido a dedo e a certeza de uma atmosfera épica no Bourbon Room, no Porto.
É já uma tradição na Cidade Invicta o Not A XMAS Fest e a sua proposta de sovar os resíduos de Michael Bublé que persistam colados às células cerebrais no Advento. Cada vez mais estruturado, o evento da Larvae Records decorre no Bourbon Room, nos dias 22 e 23 de Dezembro com os absolutamente históricos titãs do heavy metal nacional Tarantula e Sacred Sin como headliners. Holocausto Canibal, Xeque-Mate, Grunt, Pitch Black, Capela Mortuária e Vectis preenchem um cartaz exclusiva e explosivamente nacional.
Em 1981 surgiram os historicamente obscuros Mac Zac. Qual a sua relevância? O grupo durou até 1985 e depois os músicos envolvidos resolveram mudar o nome para TARANTULA. Então a história tornou-se completamente diferente. A banda liderada pelos irmãos Luís e Paulo Barros firmou-se como a maior da banda da primeira vaga de metal português e uma das maiores de sempre no nosso país, dentro dos espectros mais pesados da música, com aclamação dentro e fora de fronteiras.
Em 2021, a celebrar o seu 40º aniversário, editaram um novo trabalho de estúdio, intitulado “Thunder Tunes From Lusitania”, via Larvae Records. Depois, a mesma editora reeditou o primeiro longa-duração do grupo, álbum homónimo de 1987, em formato vinil, ao mesmo tempo que o segundo álbum, “Kingdom Of Lusitania”, teve reedição em CD. Ainda na ressaca dessas celebrações, o concerto no Not A XMAS Fest promete ser memorável.
O ano é 1993 e a MTV ainda é um canal de música. Vanessa Warwick é o rosto da versão europeia de um dos mais celebrados programas da estação, o Headbangers Ball. O tema título do álbum de estreia dos Sacred Sin, “Darkside”, o primeiro disco na história do metal português a ser editado no formato CD, teve honras de transmissão no icónico programa, conquistando o feito inédito até aí de uma banda nacional ter a sua música na estação internacional. Desde aí, os Sacred Sin atravessaram três décadas com altos e baixos, com um hiato pelo meio, muitas trocas de formação e outros cinco discos.
Editado pela Lusitanian Music, em Julho de 2022, “Storms Over The Dying World” tornou-se o sétimo álbum na carreira da histórica banda portuguesa. Tó Pica, shredder fundador da banda, regressou à formação no EP de 2020, “Born Suffer Die”. Depois dos períodos entre 1991-99 e 2013-17, está na sua terceira era na banda. Gravado no entretanto extinto estúdio Rock’n’Raw, por Bruno Miguel Jorge, o recente LP tem a produção de Tó Pica e dos Sacred Sin. A Pica e Costa juntam-se Luís Coelho na guitarra e Fernando Dantas na bateria. Estão melhores que nunca!
Em 2022, no seu 25.º aniversário, a banda editou “Crueza Ferina”, um disco que é tudo aquilo que os portuenses sempre foram, mas com um groove incomparável com aquilo que fizeram até aqui. Vibrantemente dinâmico e sem compromissos diante de trends, é o melhor álbum dos Holocausto Canibal e um dos melhores desse ano. Serve tudo isto para contextualizar o percurso da banda até aqui e a forma como, paulatinamente, se tornou numa das grandes referências do groregrind dentro e fora das nossas fronteiras, uma banda que se tem vindo a tornar, particularmente nos últimos cinco ou seis anos: uma avassaladora e horrífica máquina de brutalidade sónica.
A 4 de Setembro de 2023, no seguimento de “Crueza Ferina” (edição Selfmadegod Records, Larvae Records e Xaninho Discos), os portuenses vão lançar “Patamares de Crueldade”, um EP 7” que inclui duas novíssimas malhas. “Revolviam As Cloacas Fétidas” e “Execrandos Manifestos” foram gravadas e misturadas por João Ribeiro entre os estúdios Rec’n’roll, em Valadares, Portugal], e os 808 Studios e Estúdio 55, em Guimarães. Dan Swanö foi novamente convocado a masterizar o trabalho, nos Unisound (Suécia). Os Holocausto Canibal chegam ao Not A XMAS Fest oleados de digressões na América do Sul e no Japão, a motoserra ainda deverá estar a fumegar…
Formados em 1979, na Cidade da Maia, os Xeque-Mate são referenciados como fundadores do Heavy Metal português, chegando mesmo a ser rotulados pelos media como sendo “os pais do heavy metal nacional”. O single de estreia, “Vampiro da Uva”, lançado em 1981 e o álbum, “Em Nome do Pai, do Filho e do Rock ‘N’ Roll”, lançado em 1985, atingiram um enorme sucesso e, ainda hoje, são procurados por coleccionadores do mundo inteiro. No Not A XMAS Fest o foco de Xico Soares (voz), Artur Capela (guitarra), Tiago Costa (guitarra/vozes), José Queirós (baixo/vozes) e Joaquim Fernandes (bateria/vozes) dividir-se-á entre o seu legado histórico e o recente álbum “Não Consigo Manter a Fé”.
Se há banda nacional mais controversa nas suas actuações ao vivo, não conhecemos. Nos concertos dos Grunt, homens e mulheres são sexualmente torturados numa exploração dos limites da parafilia. O resultado é tão bizarro como intenso. A intimidade que a Bourbon Room permite, vai extrapolar tudo isto no Not A XMAS Fest. Todavia, os Grunt não são apenas um projecto shock rocker. “Discipline” (2021) e a continuação “Indiscipline” (2023), deixam claro que a banda portuense é uma força a considerar no grindcore, recorrendo a blasts e shred canónicos, mas explorando ambientes industriais através da sintetização.
Depois de uma série de datas, nos últimos meses, e ainda mais umas já agendadas até ao final do ano, os thrashers portuenses Pitch Black só podem mesmo partir deste concerto no Not A XMAS Fest para um estúdio. A representação agressiva do thrash metal no Bourbon Room é alargada pela presença dos Capela Mortuária. O quinteto de Braga vai ao Not A XMAS Fest apresentar “Monstro”, o seu álbum de estreia.
Ainda como trio, os Vectis gravaram a maqueta “The Executioner” em 2019. No ano seguinte, chegou o EP “No Mercy For The Weak”: «Um black thrash sujo, aliado à velocidade de uma guitarra sempre a varrer com os solos desumanos». Sodom, Venom, Bathory, Nifelheim, Desaster, Cruel Force, Nocturnal são uma grande influência.
Os bilhetes diários para o Not A XMAS Fest valem 20 paus. O passe para os dois dias vale 35. Podem comprar os bilhetes online, na loja da Larvae Records. O pessoal residente na área metropolitana do Porto pode comprar bilhetes físicos na Piranha e na Bunker Store. A partir do dia 15 de Dezembro, cada modalidade de bilhete sobe o preço em 5 paus. Para mais detalhes sobre horários, vão seguindo a página do evento nas redes sociais.
