Os Mr. Big estão a celebrar os 30 anos que passam da estreia do seu segundo álbum. “Lean Into It”, obra maior do shred, foi reeditado em vários formatos, incluindo Super CD Áudio.
Em 1989, surgiu um álbum que abria com um tarola a marcar compasso por cima dum brilhante esquema de paraddidle no prato-choque a enquadrar um riff de baixo, num tapping furioso que antecedia um lick de guitarra, ao qual depois se juntava a dobrá-lo harmonicamente. Os cerca de 4 minutos e meio de “Addicted To That Rush” são uma das mais conseguidas apresentações de todos os propósitos e intenções de uma banda na história do rock. O álbum homónimo catapultou a reputação do grupo entre músicos e amantes do virtuosismo técnico.
A esse disco de estreia seguiu-se o sucesso comercial. Estávamos nos últimos dias de glória do hair metal, quando os Mr. Big editaram o seu segundo álbum. “Lean Into It” apresentou o mega single “To Be With You”, que foi o número um ou perto disso praticamente em todo o mundo. A balada acústica foi ainda bem secundada por outro baladão daqueles, “Just Take My Heart”.
Talvez pelo sucesso destes temas, paradoxalmente, a banda tenha visto a sua reputação afectada, com muitos rockers a desconsiderarem o talento de um grupo de músicos que se apresentava no auge das suas capacidades. Billy Sheehan, Paul Gilbert, o saudoso Pat Torpey e Eric Martin, escreveram malhões de shredding como manda a lei, exemplos da magnífica tríade de abertura do álbum: “Daddy, Brother, Lover, Little Boy (The Electric Drill Song)”, “Alive and Kickin’” e “Green-Tinted Sixties Mind”, mas também as bluesy “A Little Too Loose” ou “My Kinda Woman”.
O álbum encerra uma enorme particularidade para o guitarrista da banda. Numa conversa que mantive com Paul Gilbert, numa entrevista para a AS#22, ele confessava que o seu maior desafio, nos Mr. Big, «é tocar os temas “Just Take My Heart” e “Daddy, Brother, Lover, Little Boy”. Essas são canções com sons completamente distintos. Uma é muito limpa, comprimida e brilhante. A outra é distorcida, “apertada” e pesada. Não gosto de utilizar o switch de canais no amp, portanto tenho que trabalhar essas diferenças todos com os pedais».
Quanto à reedição e aos seus formatos, é gratificante ver uma editora produzir um SACD (super CD áudio). Este contém o álbum tanto em stereo como em misturas surround. Por ser um híbrido, podem tocá-lo num leitor de CD normal, mas obviamente não soará em alta resolução e não terá acesso à mistura 5.1 (novo trabalho de Chris Bell), ambas requerem um leitor SACD ligado à configuração áudio apropriada. A edição deluxe de dois CDs está no formato MQA-CD. Isto significa “Master Quality Authenticated”. Enquanto que estes irão tocar bem em leitores de CD normais, a ideia é ter um amplificador/descodificador compatível com MQA ligado, para se obter áudio de maior resolução.
Pondo tudo isto de lado, esta edição deluxe tem um CD bónus com faixas previamente inéditas, versões demo e acústicas, a canção “Strike Like Lighting”, que saltou do alinhamento do álbum e foi usada no filme “Navy Seals” e quatro faixas com ‘menos baixo’ ou ‘menos guitarra’, para que todos os músicos em início de carreira por aí possam tocar por cima (ideia fixe).

O conjunto de singles de sete polegadas apresenta várias faixas dos singles originais, incluindo versões individuais, versões ao vivo, edits de rádio, versões acústicas e ainda “Strike Like Lightning”, que nunca apareceu num vinil de sete polegadas anteriormente. Os singles são prensados em vinil colorido e a caixa inclui um cartaz e uma palheta. Está limitada a 2000 exemplares. Se estão a perguntar-se porque não existe uma edição padrão em vinil, é porque a editora preparou primeiro um LP de vinil branco para o Record Store Day (no segundo ‘dia de lançamento’ no passado 17 de Julho). Este é limitado a 1000 exemplares. Tudo indica que uma edição normal está para breve.
O áudio para esta reedição foi remasterizado através de transferências digitais em alta resolução a partir das fitas master analógicas originais. “Lean Into It” foi reeditado no dia 23 de Julho de 2021.
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