Em 2023, o álbum de estreia dos Mr. Big foi alvo de reedição. O disco é um dos melhores de sempre no hard rock, o retrato perfeito da era em que a destreza técnica, guitarras e baterias, dominavam as rádios e a MTV.
Não podíamos estar mais entusiasmados com a reedição do abrasivo álbum homónimo dos Mr. Big, originalmente editado em 1989. Este disco, portanto, apresentou ao mundo os talentos inigualáveis do supergrupo que incluía o vocalista e compositor Eric Martin, o baixista Billy Sheehan (que vinha da banda de David Lee Roth), o guitarrista Paul Gilbert (anteriormente dos Racer X) e o incomparável baterista Pat Torpey, conhecido pelas suas colaborações com lendas da música como Ted Nugent, Belinda Carlisle, The Knack e Stan Bush.
Aquando do seu lançamento inicial, o disco de estreia dos Mr. Big obteve aclamação imediata, com a banda a ganhar uma reputação pela sua capacidade técnica de fazer cair o queixo e, consequentemente, actuações ao vivo electrizantes, que incluíram a partilha de palcos com lendas do prog rock como os Rush e outros. A fama da banda seria elevada a um patamar planetário no seu sucessor, “Lean Into It” (também revisitado recentemente). Agora, com esta reedição, os fãs antigos e novos podem experimentar o brilho absoluto da capacidade alquímica do quarteto de misturar perfeitamente o virtuosismo e a magia técnica com uma capacidade de composição excecional.
As faixas explosivas deste álbum de renome demonstram a destreza musical de Mr. Big, desde o estrondoso malhão de abertura que é “Addicted To That Rush”, o fan favorite “Rock & Roll Over” ou a balada “Anything for You”. Além disso, a reedição inclui preciosidades que vale a pena revisitar, como a sofrida e, ao mesmo tempo, descarada “Wind Me Up” e a contagiante “Blame It On My Youth”, escrita pelo incomparável Billy Sheehan.
De maior interesse para os audiófilos é provavelmente o Hybrid-SACD que contém uma mistura surround 5.1 e stero 2.0, que é analisada no Hi-Res Edition. A clareza sónica é fabulosa, graças ao trabalho do engenheiro áudio original Kevin Elson e ao engenheiro da remistura imersiva Chris Bell. Ao longo do disco, encontramos guitarras musculadas que são brilhantes e vigorosamente articuladas, aliadas aos disparos densos e rápidos de tarola. O fundo da mistura é preenchido com um bom redondo e timbalões ressonantes. O som preenchido e transparente coloca a voz de Martin ao nosso lado.
Os fãs de Foreigner e Journey poderiam facilmente encontrar um lar na sua fonoteca para os Mr. Big. As guitarras de “Merciless” são evocativas dos Aerosmith. “Had Enough” abre com um solo de Sheehan e depois move.se para o açucarado território das power ballads da década de 80.
Logo de seguida, “Take A Walk” recorda-nos que os Mr. Big eram, antes de tudo, uma tremenda banda de hard rock e que Paul Gilbert é um dos melhores guitarristas da sua geração. Que harmónicos e que parede de som! É aí que na fronteira do hard rock se pisam alguns terrenos do heavy metal. “How Can You Do What You Do” tem um pouco do aroma do funk dos Extreme e também um sentido extremamente pop – pelo menos o sentido pop daquela era.
Quando chega a última malha, “Rock & Roll Over”, fica a sensação que cada canção destaca-se claramente por si própria e em todas há um cuidado equilíbrio entre o baixo, a bateria, as guitarras e as várias partes vocais. Na reedição de 2023, há ainda umass malha extra onde se pode ouvir a banda a tocar ao vivo “30 Days in the Hole”; a malha inédita de 1989, produzida por Kevin Elson, “Want to Be Wanted”; e a versão original de “Next Time Around”. Um belo fim de festa.
De qualquer forma, só por si (na sua forma original) este disco é sempre um enorme prazer para qualquer hard rocker que se preza, considerando as proezas técnicas de cada um dos músicos e dos elevadíssimo valores de produção e arranjos que pontuam as malhas carregadas de melodias irresistíveis de uma das melhores bandas de sempre do género.