Siamese Dream

The Smashing Pumpkins, Siamese Dream

Pelo seu uso inovador de camadas de guitarra, intensidade emocional e composição dinâmica apaixonou ouvintes e inspirou gerações de músicos. O significado cultural e a aclamação crítica de “Siamese Dream”, dos Smashing Pumpkins, continuam a repercutir-se na indústria musical, solidificando o seu lugar como um clássico no cânone do rock alternativo.

“Siamese Dream” é o segundo álbum de estúdio dos Smashing Pumpkins, originalmente lançado a 27 de Julho de 1993. Produzido por Butch Vig e Billy Corgan (e a produção é absolutamente lasciva), o álbum tornou-se um marco significativo na carreira da banda, em particular, e no rock alternativo, em geral. A sua mistura de rock agressivo, conduzido por guitarras, com atmosferas etéreas e lirismo introspectivo, deixou uma marca indelével na indústria musical.

E as camadas de guitarra e distorção são um dos aspectos mais notáveis de “Siamese Dream”. Na sua emancipação enquanto guitarrista, Billy Corgan conseguiu o efeito denso de uma hipnótica parede de som, através de camadas de guitarra meticulosas e distorção, dando ao álbum a uma assinatura sónica distinta e poderosa. Em “Siamese Dream” há também uma enleante e desenvolta experimentação com efeitos. Não só Corgan ou James Yoshinobu Iha, nas guitarras, mas também a baixista D’arcy Wretzky e o baterista Jimmy Chamberlin, têm o seu som preenchido por vários efeitos e texturas, como reverb, delay e chorus, que criam esse ambiente nefelibata que percorre todo o trabalho.

O álbum apresenta uma vasta gama de dinâmicas, desde momentos calmos e delicados a clímaxes explosivos e catárticos. A capacidade de transição perfeita entre secções suaves e pesadas acrescentou profundidade e impacto emocional às canções, já de si intensas de “Siamese Dream”. Aumentando a emotividade crua e vulnerabilidade das canções, as letras de Corgan exploram temas como o amor, a dor e a auto-descoberta. A sua ressonância geracional foi enorme e é muito por aí que se explica o impacto duradouro do álbum.

A malha de abertura do álbum, “Cherub Rock”, estabelece o tom para o resto de “Siamese Dream”. Os seus riffs de guitarra agressivos e letras desafiantes deixam exposta a atitude nada apologética dos Smashing Pumpkins. O antémico single “Today” permanece um dos êxitos mais reconhecidos e duradouros da banda. Os seus refrões edificantes e os versos introspectivos servem de suma aos contrastes dinâmicos do álbum no seu todo. Uma malha pungente e emocionalmente densa, “Disarm” revela Corgan como um artífice a explorar temas sensíveis e pessoais. A sua instrumentação despojada e melodias assombrosas dão-lhe uma tremenda ressonância.

De resto, “Siamese Dream” ajudou a definir o som do rock alternativo da década de 1990. O impacto musical da sua abordagem inovadora inspirou inúmeras bandas e artistas a experimentar novas possibilidades sónicas – aliás, perguntem-no aos Sigur Rós. Talvez pela sua proximidade cronológica, os Smashing Pumpkins ficaram algo colados à sonoridade de Seattle, mas é mais justo olhá-los como descendentes dos The Cure, dos Pixies ou de Brian Eno.

Seja como for, o sucesso comercial do álbum apresentou o rock alternativo a um público mais vasto, provando que o género podia atingir o apelo mainstream sem sacrificar a sua integridade artística. Dessa forma, “Siamese Dream” tornou-se um símbolo do movimento de música alternativa e da contracultura dos anos 90, tornando os Smashing Pumpkins uma das bandas mais icónicas da sua era.

Os Querubins

A capa original do álbum mostra duas raparigas que, por defeito, todos pensavam ser gémeas siamesas ou, no mínimo, irmãs. Essa imagem cheia de candura teve também preponderância em transformar os Smashing Pumpkins numa nova referência da música alternativa, no meio dessa onda de grunge que advogada a apologia de uma geração “perdida”. No entanto, as duas raparigas nunca estiveram fisicamente juntas ou possuem qualquer laço familiuar, simplesmente, como apontava o título “Siamese Dream”, representavam o sonho de estar tão perto de alguém que se torna inevitável sentir uma ligação. Sentir amor.

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