Paulo Furtado, Mariana Rosa & João Alves nas Grandes Malhas de Fast Eddie Nelson

Os punk rockers Mariana Rosa (Anarchicks) e João Alves (Peste & Sida), mais o já lendário Paulo Furtado (aka Legendary Tigerman), trocam dois dedos de conversa e jams com Fast Eddie Nelson, no obrigatório programa com a produção de Nuno Calado e com o carimbo Antena3Docs.

Foi no dia 04 de Abril que a emissora Antena 3 estreou uma nova série, com o carimbo Antena3Docs. “Grandes Malhas” tem a autoria do guitarrista Fast Eddie Nelson, que viaja de norte a sul do país a conversar com alguns dos guitarristas mais emblemáticos do rock português, para descobrir o que os moveu e move a explorar o mundo das seis cordas. As entrevistas são cruzadas com alguma jam pelo meio e com alguma imersão nas histórias pessoais que valorizam as colecções privadas de cada um dos convidados. Entre estes estão nomes como Tó Trips, Mariana Rosa, Paulo Furtado, João Cabeleira, Frankie Chavez (o protagonista do primeiro episódio).

Depois chegou o episódio com Luís Simões, que é um dos nomes ilustres dos pioneiros do death metal luso, no início da década de 90. Fundador dos Shrine, longos anos na formação dos exóticos Blasted Mechanism, colaborador dos Sacred Sin e dos Firtborn, é um músico de muitas faces, mas com devoção ao psicadelismo e ao kraut. As provas mais recentes do seu impactante talento são os, por aqui, muito laudados álbuns “Stranded In The Green”, dos Saturnia, e “O Místico Orfeão Sónico de Um Corpo Estranho e Saturnia”, ambos eleitos na nossa lista de melhores discos de 2021. No terceiro episódio o convidado foi Miguel Fonseca. A Lisnave foi a sua mãe musical, aquela nascente de ruídos de decapagem dos petroleiros, das sirenes, dos guindastes, do próprio pórtico do Estaleiro da Margueira, que tinha um sistema de esferas que criava sons hipnotizantes e o constante subgrave que emanava dos motores dos petroleiros. Sons que Miguel Fonseca gravava com um gravador Yamaha de quatro pistas vintage ou num antigo Telefunken em fitas de 7’’ e que, ainda hoje, usa recorrentemente. Aliás, dessas ideias surgiram composições dos sacrossantos Thormenthor, o onirismo pop rock dos Plastica ou o poder de Bizarra Locomotiva.

Aconteceu por aí a meca do underground e andámos pelas terras de Barroselas, Viana do Castelo, a fazer reportagem ao SWR e perdemos um pouco o fio à meada. Nomeadamente, no 4º episódio deu-se a estreia do carisma feminino nos convidados, com a Mariana Rosa, actual guitarrista das Anarchicks e Gaijas, que nos cativa logo a abrir a conversa, confessando a sua paixão pelos Black Sabbath, cujas notas foram as primeiras que começou a aprender no instrumento. De Stratocaster nas mãos, fala sobre as suas influências, a sua aprendizagem e a sua linguagem musical, bastante abrangente, na verdade.

No 5º episódio foi a vez de uma verdadeira lenda do rock luso, Paulo Furtado, o Legendary Tigerman! Aos 15 anos era um ávido consumidor de garage e rock ‘n’ roll que começava a descobrir o blues. Não quis pegar numa guitarra acústica (só uma década mais tarde viria a ter uma), sentido um maior apelo pela eléctrica. «A primeira guitarra que comprei, já nem me lembro que marca é que era, foi a única que havia para canhotos. Por acaso é a única guitarra que não faço ideia o que é que lhe aconteceu. De repente, um dia já lá não estava. Dos 15 aos 17, nas férias, ia trabalhar para a Suíça, apanhar tabaco e fazer aqueles trabalhos de Verão para ganhar algum dinheiro e depois ia passear pela Europa. Na altura, a minha irmã estava em Hamburgo, fui visitá-la e lembro-me que entrei numa loja de música e a única guitarra que havia para canhotos era essa, uma solid-body», dizia-me numa ocasião. Anos mais tarde, os Tédio Boys promoveram o aprofundar da relação com o instrumento.

O 6º episódio, estreado no dia 09 de Maio, conta com João Alves. Desde cedo envolvido no underground, esteve em vários projectos, incluindo os Kamones (banda de tributo aos Ramones). Em 2003 estabeleceu-se, até aos nossos dias, nos Peste & Sida. Com a lendária banda punk nacional, gravou os álbuns “Tóxico” (2004), “Cai No Real” (2007), “Não Há CrisE” (2011) e “Ao Vivo No RCA” (2017). O som é do Miguel Lino, a imagem do João Bigos Campaniço e a produção no Nuno Calado. Os episódios estreiam às segundas-feiras, pelas 18h, no canal da Antena 3 no YouTube e em antena3.rtp.pt. Até para a semana!

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