SWR 23, Why Is David Guetta Still Alive?

Crisix e Insanity Alert, a new wave of thrash metal a promover dois dos melhores concertos no SWR 23 e, a meio da jocosa reflexão social do crossover/fun thrash, surgiu a pergunta que se impõe: neste mundo de merda, por que raio ainda vive David Guetta?

Aproveitando a boleia do José Carlos Santos (nos cartões que escrevemos para o fest), em Portugal, a popularidade dos espanhóis Crisix estava em crescendo, com uma mini digressão nacional esgotada, e eram tudo eram bons augúrios para o futuro dos catalães até que aconteceu a pandemia. Felizmente, os músicos não perderam muito tempo e, com a novidade “Full HD” e centenas de concertos na bagagem, partiram definitivamente para o salto que lhes poderá valer a internacionalização em larga escala com o seu thrash aguerrido. O LP foi registado em Barcelona, mas com mistura e masterização nos Estados Unidos, pela mão de Ete Rutcho, e editado pelo selo francês Listenable Records. Cheios de boa disposição e riffs letais a rodos, saíram da experiência a soar como a banda-sonora perfeita para musicar uma festa bem regada a cerveja e com cheiro inconfundível de pizza de queijo no seu crossover thrash.

O seu concerto, no DAY ONE do festival, não foi tão diferente assim daquele que destacamos no segmento seguinte. Os nuestros hermanos, como os austríacos, a tocarem como demónios, enorme groove nos temas e muita diversão em malhas carregadas de intensidade. Teve muito mais público diante do palco e isso criou uma atmosfera mais vibrante, potenciada pelos refrões energéticos e orelhudos de malhas como “Macarena Mosh” ou o antémico tema que partilha o título com o mais recente disco. Julian Baz (voz), Albert Requena e Marc Busque (guitarras), Pla Vinseiro (baixo) e Javi Carrion (bateria) deram-nos um concerto sem fillers e centrado nesse excelente álbum que é “Full HD”, abrindo logo com um dos seus temas centrais (“W.N.M. United”) e sem deixar de fazer a ocasional visita uma discografia que já vai longa e consistente. A meio disso, um medley que msiturou “Hit The Lights”, dos Metallica, “Walk”, dos Pantera, e “Antisocial”, dos Anthrax meteu o SWR em ebulição.

Vale ainda a pena fazer alusão a algo que não diz respeito apenas a este concerto, tendo sido comum a todos os que decorreram no palco ABYSS: o melhor som de sempre na porra do Barroselas! A setlist dos Crisix, tanto quanto nos lembramos: “W.N.M. United”; “Macarena Mosh”; “Leech Breeder”; “Full HD”; “Brutal Gadget”; “Get Out Of My Head”; “G.M.M. (Great Metal Motherfucker); “Bring’em To The Pit” e “Ultra Thrash”.

Run To The Pit

Eram umas 20h00 no último dia no SWR e, até aí, os concertos de Crisix e os Mortiferum reinavam entre os que tinham decorrido no palco ABYSS. Então chegaram os Insanity Alert para arrecadar o título de maior jarda do festival. Assim que a banda começou a tocar, não foi necessário olhar duas vezes para o palco, para se perceber estarmos diante de uma banda que pode não se levar muito a sério no que respeita aos estereótipos da subcultura em torno da música pesada, mas que não faz quaisquer compromissos na sua capacidade de execução musical.

Para não variar, as letras versam sobre zombies, consumo excessivo de narcóticos e álcool, e referências nostálgicas à cultura pop da década de 80. E se passaram os últimos 30 anos a ouvir bandas como Nuclear Assault, Anthrax, Hirax, Exodus, Vio-Lence, Cryptic Slaughter, D.R.I., Municipal Waste, e por aí fora, então nada nas músicas soou muito inesperado e muitos dos padrões de guitarra rítmica são previsíveis, o que sucede é que os austríacos são suficientemente explosivos na sua velocidade rítmica, extremamente robustos nos seus riffs e capazes de lançar ganchos melódicos que abrem um sorriso a qualquer um. O guitarrista original ‘Dave the Grave of Death’ não tem alinhado nas datas desta digressão, mas ‘Inphiltrator’ revelou-se um autêntico shredder, assumindo todo o corpo harmónico das guitarras e com os solos a soarem ainda mais vigorosos do que nos registos em estúdio.

A juntar a tudo isto, Heavy Kevy foi um frontman absolutamente maníaco, queixando-se amiúde da dificuldade em encontrar drogas, nomeadamente cocaína (o que duvidamos, dada a sua prestação), da dor oriunda de fissuras anais derivadas de diarreia constante provocada por francesinhas (o que valeu um improviso rap) e da dificuldade em esvaziar os intestinos após ter comido bananas ao pequeno-almoço, procurando solucionar o problema anterior. Evocou maneirismos de Axl Rose, e mostrou-se igualmente capaz de exibir-se vocalmente no splatter thrash ou através de gang vocals. Foi divertido, histérico, intenso e genuíno.

Parafraseando um dos seus monólogos com o público, há a merda de uma guerra no continente europeu, há crises sociais e na habitação em todos os países, a economia está de pantanas e não se arranja droga em lado nenhum. A meio destes caos que o mundo se tornou: Why Is David Guetta Still Alive? Um malhão de crossover, divertidamente político e um dos momentos altos do concerto. Tal como os bangers “Arac Attack”, “Kill Yourself” (original dos S.O.D.) e “Metal Punx Never Die” – encerrado com um simulacro do fade out de “Don’t Cry”. Mas nenhuma malha bateu mais no público que a versão dos Maiden, colocando toda a gente a berrar «Run to the pit, mosh for your life».

Foi o concerto de estreia dos Insanity Alert no nosso país (super zelas style) e mal podemos esperar pelo próximo. A setlist: Glorious Thrash; Twist-off Betrayal; Crucified by Zombies; Shredator; Life’s Too Short (For Longboards); Wake & Bake; The Ballad of Slayer; Why Is David Guetta Still Alive?; Pact With Satan; Gonna Rip Your Head Off; A Skullcrushin’ Good Time; Metal Punx Never Die!; Kill Yourself; Confessions of a Crabman; All Mosh / No Brain; I Come / I Fuck Shit Up / I Leave; Desinfektor; Run to the Pit.

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