Álbum de estreia dos neerlandeses Headless Hunter e da label Mosher Zero, “The Undertaker” é uma bujarda de thrash metal entre o clássico e crossover, com uma explosiva atitude in your face e um vendaval de shredding.
Foi no final de Abril passado que os Insanity Alert deram um dos melhores concertos no SWR, na edição deste ano, pelo menos. A razão porque abrimos este artigo com essa nota está relacionada com Heavy Kevy, o frontman dos austríacos. Na ressaca desse concerto, o vocalista informou-nos que estava a iniciar a sua própria editora, um projecto totalmente DIY, com o propósito singular de apoiar a cena thrash europeia. E assim começa, o primeiro lançamento na Mosher Zero, e é um dos grandes!
Os thrashers holandeses Headless Hunter editaram na editora, no passado dia 20 de Abril, o seu álbum de estreia “The Undertaker”. Fortemente influenciados pela cena Thrash da Bay Area dos anos 80, mas também acrescentando uma abordagem mais moderna, com músicas como “Hostile Takeover” e “Liberate Your Will”, este álbum é um must listen para os fãs da New Wave of Thrash. São 40 minutos de loucura de thrash metal, capaz de vos meter a fazer headbanging até partirem o crânio!
O disco arranca com uma intro épica e, de facto, a intensidade que emerge logo na primeira malha é assinalável. “Hunt’m Down” sai directamente do cânone do thrash, riffs de guitarra e o revestimento do baixo de imensa agressividade e articulação e uma bateria explosiva. A voz é bem old-school. O solo a meio do tema, olhando em retrospectiva, revela apenas Mark Hendriks a aquecer para o duelo final com o seu colega Brian Stonemountains, um frenesim de notas culminado em leads harmonizados. E este tema é apenas o princípio da tempestade. Quando entra o já referido “Hostile Takeover” (S.O.D. much?), as coisas atingem outro patamar e todos os apontamentos anteriormente referidos são redimensionados. Mais aproximado ao crossover, aqui os neerlandeses revelam maior agressividade, maior groove e, em vez de solos, um vendaval de shred. “Liberate Your Will” regressa aos parâmetros old-school, mas a sobrecarga energética é mantida, levando tudo à sua frente.
O lead melódico de “Death’s Defiance” é reminiscente de “R**k The Vote”, clássico dos Carcass, mas quando entra o riff passamos um portal para o reino dos Exodus. E depois viajamos para o poder crossover dos nuestros hermanos Crisix em “Kiko Is Stoned” e, na verdade, estas referências podem ser intuídas em “The Undertaker”, cujo breakdown e respectivo solo é passível de torcer o pescoço a qualquer metalhead respeitável.
Escondido na turbulência de “Ill Fated Waters” está o melhor solo de guitarra do álbum. Velocíssimo, ágil e perigoso. Predicados que surgem a abrir o malhão seguinte, “Sentenced To Live”. Somos suspeitos para dizê-lo, afinal andamos meio viciados no crossover, mas esta sequência de malhas é fulminante. Também exigem maior versatilidade à secção rítmica e à voz, que cumprem sem falhas. Depois há uma certa ingenuidade encantadora nas estruturas destas malhas, que avançam por vontade e intensidade puras da banda, sem recurso a progressões muito elaboradas. Brutalidade. Sem merdas.
Essa determinação férrea acaba por resultar num álbum que se destaca pelo seu vigor, mas ainda assim nos consegue reservar algumas surpresas como a maníaca e caótica malha que o encerra, “The 10th Reason”. Trata-se de um intrigante e épico esforço thrasher inspirado na célebre composição do compositor norueguês Edvard Grieg, “The Hall Of The Mountain King”. Se conseguirem acabar de ouvir esta fantasia delirante sem sorrir, talvez sejam psicopatas. Caso contrário, irão disparar o álbum novamente.
A capa podia ser mais imponente, é a única queixa que temos deste excelente trabalho de estreia desta banda de Eindhoven. Vão seguir os Headless Hunter no Facebook e disparem o disco, cortesia do Bandcamp da Mosher Zero.