Tina Turner

Tina Turner, What’s Love Got To Do With It

A rainha do Rock ‘n’ Roll morreu. Aqui recordamos como só o enorme talento e uma força interior avassaladora salvaram Tina Turner de um fim precoce ou de uma vida de subjugação.

Tina Turner, a cantora americana considerada a Rainha do Rock ‘n’ Roll, morreu aos 83 anos. A sua morte foi confirmada pelo assessor no dia 24 de Maio de 2023. A causa da morte não foi divulgada, mas a diva estava há muito debilitada e acabou por falecer «após uma longa doença», na sua casa na Suíça.

A história de vida de Tina Turner, é uma montanha-russa de conquistas e derrotas, de glória e dor. Anna Mae Bullock nasceu no seio de uma família pobre e aos 15 anos foi abandonada pelos pais. Estávamos na década de 50 quando começou a sua carreira musical, cantando em bares para se sustentar. Foi nesse circuito que conheceu Ike Turner, que liderava os The Kings of Rhythm. Anna Mae pediu-lhe para ser uma das vozes de coro e em pouco tempo tornou-se a cantora principal. Ike e Anna Mae decidiram formar uma dupla e, após se casarem, ela adotou o nome artístico Tina Turner. Então, para o bem e para o mal, ao lado do marido, a sua carreira “explodiu” e dominou o cenário da música soul nos anos 60 e no início dos anos 70.

Nessa altura, o comportamento violento de Ike Turner e a opressão abusiva a que submeteu a cantora, quase destruiu Tina Turner. Afastada dos seus filhos, procurou tirar a própria vida, sem sucesso (felizmente). Tina retirou-se das luzes da ribalta até ao final da década de 70, enfrentando os seus demónios pessoais e emancipando-se do seu casamento infernal. Um casamento que foi sempre marcado por abuso e escândalos. Alcoólatra e toxicodependente, Ike culpava Tina pelo declínio da dupla e, como retaliação agredia, humilhava e traía a sua esposa. Ela apareceu em público diversas vezes com marcas dessa violência. Quando pediu o divórcio, no litígio na justiça, abriu mão de todo o património a que teria direito em troca de manter o sobrenome Turner, pelo qual era reconhecida e que tanto lhe custara.

Foi já em 1978 que editou “Rough”, o seu terceiro disco a solo, mas o primeiro livre de Ike Turner. Logo em 1979 chegou “Love Explosion”. Estes dois discos foram um enorme flop comercial e a EMI cancelou o seu contrato discográfico. Sem dinheiro, sem reconhecimento e sem trabalho, recomeçou do zero e trocou a soul pelo pop rock que começava a invadir as rádios nos anos 80, seguindo o trilho de Bowie ou dos Stones, que na ressaca da era disco tinham tornado o seu som mais dançável e radio friendly. E assim chegou, em 1984, “Private Dancer”.

A Capitol Records não queria, mas um dos seus executivos apostou tudo em Tina e assumiu a liderança da produção do álbum. Gravado em vários estúdios durante os três primeiros anos da década de 80, contou com composições de Bowie, em “1984”, Rupert Hine que, ná década de 60, trabalhou com toda a gente, de Jimmy Page (Led Zeppelin) a Roger Glover (Deep Purple), e Mark Knopfler. Foi o guru dos Dire Straits quem escreveu o tema título do álbum, mas as guitarras acabaram por ser gravadas por Jeff Beck. A canção fora inicialmente planeada para o álbum “Love Over Gold”, dos Dire Straits, mas acabou descartada porque Knopfler não se via a cantar a letra…

Além desses malhões que refundaram a carreira de Tinar Turner, Terry Britten escreveu-lhe o super single que lhe trouxe a aclamação universal e que lhe valeria o GRAMMY, “What’s Love Got To With It”.

A título pessoal, tendo sido um puto que cresceu a ouvir Tina Turner e se apaixonou por ela no papel de Tia Entity, em “Além da Cúpula do Trovão”, a mais pueril das aventuras de Mad Max, aqui se regista uma imensa tristeza. Adeus, Tina!

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