Bradley Hall, fã da era Marty Friedman dos Megadeth, fartou-se de esperar por um som que não volta e criou um álbum das lendas do thrash do zero, em apenas 24 horas. “Megabeans” é genial, idiota, delirante e brilhantemente ridículo.
Há coisa de um ano, o Youtuber Bradley Hall pegou na banda-sonora de Howard Shore que acompanha o primeiro filme da trilogia de Peter Jackson, “A Irmandade do Anel” (ainda para mais na versão alargada), e transformou-a num épico metaleiro, com mais de três horas onde são cruzados vários subgéneros. Um criativo infatigável, cujos conteúdos são quase sempre extremamente divertidos, Bradley Hall lançou-se agora a outra tarefa épica: a sua própria versão de um álbum dos Megadeth dos anos 90, criado sobretudo através dos seus próprios talentos musicais, com a ajuda do programa de IA chatGPT para a escrita das letras.
Como explica, Bradley Hall adora Megadeth, especificamente o álbum “Rust In Peace”, de 1990, que aponta como o seu disco de metal favorito de todos os tempos. Apesar de os gigantes do thrash terem lançado vários álbuns desde então, Hall ainda não ouviu nenhum que lhe agradasse tanto.
“The Sick, The Dying… And The Death!”, lançado em Setembro de 2022, foi o primeiro álbum de estúdio dos Megadeth ao fim de meia década. O álbum é ainda mais especial porque surge após vários obstáculos. É o primeiro disco que os músicos gravam desde a batalha do líder Dave Mustaine com um cancro da garganta e após a controversa expulsão do baixista David Ellefson, cujas linhas originais foram substituídas por Steve DiGiorgio. Há uma participação especial do rapper Ice-T que, apesar do pedigree do músico nos Body Count, fez franzir algumns sobrolhos. Todavia, Mustaine tem insistido que o álbum é um regresso ao passado, musical e tematicamente. Conceptualmente, o disco debruça-se sobre o impacto dos períodos de peste ao longo da história da humanidade.
Para a maioria da crítica especializada e para os fãs, este que foi o décimo sexto disco da banda é facilmente o seu melhor depois da saída de Friedman. Mas, mesmo assim, o disco não encheu as medidas a Bradley Hall que, por isso, decidiu agarrar o touro pelos cornos e escreveu o seu próprio álbum de Megadeth, completo com uma imitação questionável, mas divertida, de Dave Mustaine. Para tornar tudo isto mais interessante, Hall desafiou-se a concretizar a tarefa em apenas 24 horas e transmitiu o processo ao vivo no Twitch. Afinal, pode ser um álbum “fake”, mas é genuíno!
«O álbum Rust In Peace [dos Megadeth] é, sem dúvida, o meu álbum de metal preferido de todos os tempos e, por muito que ache que os álbuns dos últimos 20 anos são bons, nada se compara aos álbuns clássicos dos anos 90 com o meu amigo Marty Friedman. Por isso, há uns tempos, pensei para mim mesmo: ‘Em vez de esperar que os Megadeth deixem de fazer asneiras e voltem a escrever um álbum de sucesso, porque não o faço eu?’», diz Bradley Hall (transcrito pelo Metal Injection).
Entre as músicas do seu álbum estão exemplos como a hilariante “Master Of Muppets”, “Chronic Incontinence” e “Hangry Again”. Talvez um dos temas centrais nas letras do álbum sejam os constangtes queixumes e o eterno ressaiamento de Dave Mustaine com o facto de ter sido despedido dos Metallica. O álbum completo, intitulado “Megabeans”, já está disponível para audição no Spotify e deixamos o link para o ouvirem, mas antes espreitem, no player anterior a este parágrafo, um apanhado da transmissão de 24 horas no Twitch. Não se vão arrepender. É absolutamente genial, idiota, delirante e brilhantemente ridículo.