Com riffs maturados durante uma década, sobrecarregado por uma tensão maniqueísta e a procurar harmonizar as visões de Hagar e de Alex e Eddie, criado no meio de enorme turbulência, “Balance” é um álbum soberbo dos Van Halen.
“Balance” é o décimo álbum (estúdio) de Van Halen. Foi originalmente editado a 24 de Janeiro de 1995, pela Warner Music. Marcou o fim de uma era para as lendas norte-americanas. Afinal, acabou por tornar-se o último disco com Sammy Hagar e ainda o último a apresentar o baixista Michael Anthony na sua totalidade. Essa turbulência ficou, propositadamente, impressa na capa.
Glen Wexler, que assinara a capa de “For Unlawful Carnal Knowledge”, foi novamente recrutado. Foi ele quem recordou à Resource que, originalmente, o álbum iria chamar-se “The Seventh Seal” e que ele tinha algumas ideias envolvendo um andrógino rapaz de quatro anos (não era o filho de Eddie Van Halen, Wolfgang, como chegaram a dizer alguns rumores). No entanto, o título foi alterado para “Balance”, de modo a representar a própria luta da banda por uma harmonia interna que se revelava cada vez mais difícil.
Alex Van Halen disse a Wexler que o novo título referia a turbulência da banda na altura, incluindo a morte do manager Ed Leffler, que tinha sido sempre uma presença estabilizadora para os Van Halen. A gravação do LP tinha sido uma experiência frustrante, uma vez que os músicos tiveram que se esforçar imenso para se encaixar de forma criativa. Eddie e Hagar, por exemplo, discordavam em múltiplos tópicos: o guitarrista recentemente sóbrio, procurando uma direcção mais profunda, queixou-se da letra do frontman para “Amsterdam” – focado em deboche – e ficou frustrado por Hagar não conseguir inventar uma letra ou uma melodia para o instrumental “Baluchitherium”.
Aliás, diz-se que Eddie ficou de tal forma exasperado durante as sessões de gravação (que tiveram lugar, na sua grande maioria, nos 5150 Studios) que cortou o cabelo, após anos a ostentar uma longa juba. Seja como for, os Van Halen resolveram as suas diferenças o suficiente para terminar o álbum, ainda que por pouco tempo, afinal Hagar sairia em ’96.
Talvez adequadamente, dadas as circunstâncias, Alex queria que o artwork explorasse os dualismo da psique humana. Essa ideia pareceu intrigante a Wexler, dada a reputação dos Van Halen como uma party band. Então, o fotógrafo acabou por chegar a um conceito em que a criança modelo que escolheu em casting representaria os gémeos siameses num baloiço. No Japão, a capa apresenta apenas uma criança. Wexler dissipou a noção de que isso foi resultado de algum tipo de censura e que se tratou de algo antecipadamente estudado, pois a representação das deformidades humanas é um estigma cultural no país.


Num outro aceno de subtileza, os gémeos formam uma aproximação ao logo dos Van Halen. «Para além da expressão óbvia de características masculinas e femininas inseparáveis, a concretização da ideia começou a concentrar-se numa série de ironias: a impossibilidade dos siameses brincarem realmente no baloiço; o gémeo ‘calmo’ sendo de facto o agressivo, puxando o cabelo do seu irmão para criar a aparência de uma criança exaltada; e não tendo mais ninguém com quem brincar num ambiente pós-apocalíptico desolado, no qual o equipamento inutilizável do baloiço é o único objecto à vista», refere Wexler.
Se são fãs da banda, certamente desejaram muitas vezes poder estar dentro das paredes do estúdio 5150. Ou, no mínimo, um amigo próximo de Eddie Van Halen que podia lá passar a ouvir aquilo em que o guitarristas estivesse a trabalhar. Bom, este vídeo trata-se, precisamente, disso. O autor (anónimo) começa a filmar quando abre a porta do estúdio e dá com Eddie sentado na consola da régie, satisfeito e a mostrar a música em que tem trabalhado. E a música que se escuta é aquilo que se tornaria “Amsterdam”, editada no álbum “Balance”, oito anos depois destas filmagens.
O vídeo data o vídeo em ’85, mas o corte de cabelo e a camisola com a estampagem “Team Jams National Champs 1986” sugerem que a data seja final de ’86 ou início de ’87, ali entre os álbuns “5150” e “OU812”. De qualquer forma, perceber que Eddie Van Halen teve este malhão guardado tanto tempo antes de o editar faz-nos pensar em tudo aquilo que ele terá escrito e deixado arquivado…
Os puristas afirmam que não se conta entre os melhores da banda, todavia malhões como “The Seventh Seal”, “Amsterdam”, “Big Fat Money” ou “Aftershock” falam por si e afirmam o contrário. Eddie tinha vencido o vício e estava no melhor da sua forma desde há muito. E ainda há a orelhuda “Can’t Stop Lovin’ You”, que meio mundo já rodou quando está de candeias às avessas com os amores. O reflexo comercial disso valeu um #1 na U.S. Billboard 200, em Fevereiro de 1995, e o estatuto Tripla Platina em 12 de Maio de 2004, ao ultrapassar mais de três milhões de cópias vendidas nos Estados Unidos. “The Seventh Seal” foi nomeado aos GRAMMYs na categoria Best Hard Rock Performance.
Um pensamento sobre “Van Halen, Balance”