Vito Bratta

Vito Bratta, Uma Strat de Hendrix & Um Álbum Lendário no Hair Metal

No auge da sua carreira, os White Lion editaram o seu extraordinário segundo LP em 1987. Revisitando os seus melhores solos de guitarra, Vito Bratta recorda que “Pride” foi gravado com um velho Marshall de Leslie West (Mountain) e por uma Stratocaster que, antes de morrer, Jimi Hendrix ofereceu a Al Kooper.

Vito Bratta, guitarrista que foi membro da banda hair/glam metal White Lion nos anos 1980, revelou que uma das antigas Stratocasters de Jimi Hendrix surge no segundo álbum da banda. Intitulado “Pride”, o disco foi lançado em 1987, recebeu críticas favoráveis e obteve sucesso nas tabelas de vendas na época. Numa entrevista à Guitar World, onde recorda os melhores solos dos White Lion, Bratta revelou que a música “All You Need is Rock ‘n’ Roll”, do referido álbum “Pride”, tem um solo de guitarra que foi gravado com uma das Strats de Jimi Hendrix: «Se queres falar de um bom solo do ‘Pride’, apontaria para ‘All You Need is Rock ‘n’ Roll’. Gravei o solo inteiro dessa música com a Stratocaster preta do Jimi Hendrix».

Quando questionado sobre como conseguiu colocar as mãos na antiga Fender Stratocaster de Jimi, Bratta explicou que foi através do músico Al Kooper, também conhecido por ter trabalhado com Hendrix e gravado pianos em “Long Hot Summer Night”, no álbum “Electric Ladyland” do mago das seis cordas. «Há esse teclista chamado Al Kooper, que tocou com toda a gente, incluindo Hendrix. E o Hendrix deu ao Al Kooper a sua Stratocaster preta em algum momento, por isso ele tinha-a consigo».

Detalhando como isso aconteceu, Vito Bratta recordou que estava sem o pickup de braço na sua guitarra: «O Al estava a trabalhar connosco no estúdio em ‘Pride’ e estava a ouvir-me a praticar o solo de ‘All You Need is Rock ‘n’ Roll’. Acho que ele percebeu que eu não tinha o pickup do braço na minha Stratocaster e, de repente, o disse: ‘Espera aí, Vito, deixa-me arranjar-te algo’. Ele sai, volta e saca a guitarra do Jimi Hendrix. Eu soube o que era no segundo em que a vi e, mais uma vez, era apenas um puto, então estava maravilhado com aquilo. Então, o Al diz: ‘Liga-a. Toca, Vito.’ Resumindo a história, usei a Stratocaster preta de Hendrix para gravar o solo de ‘All You Need is Rock ‘n’ Roll’. Quando ouço novamente a gravação, consigo ouvir o som clássico do Hendrix em toda aquela malha».

Conforme o Guitar World acrescenta, oportunamente, não há uma maneira precisa de confirmar exactamente qual a Stratocaster a que Vito Bratta se refere. No entanto, é conhecimento comum que Hendrix presenteou Al Kooper com uma de suas Stratocasters. A última informação verificada sobre essa guitarra é que, em 1997, ela foi colocada em leilão, mas não foi vendida, chegando apenas aos US$160.000, em vez do mínimo esperado de US$280.000 (via The New York Times). Hendrix possuía mais de uma Stratocaster preta na sua coleção, e nem todas são facilmente identificáveis e rastreáveis.

Leslie West

Entretanto, há outra peça interessante de relevo histórico na própria história desta música. Além da guitarra, Vito Bratta utilizou um amplificador que pertencia a outra lenda: «Estava ligado a um antigo Marshall, mas não era o mesmo do álbum de estreia do White Lion, ‘Fight to Survive’. No ‘Pride’ era um antigo Marshall de 100 watts e jamais conseguiriam adivinhar de quem era. Usei o Marshall de 100 watts de Leslie West. Mas não era qualquer Marshall antigo de Leslie West; era o seu favorito. Este era o mesmo amplificador que ele usou para gravar todas aquelas malhas clássicas dos Mountain».

O próprio West já revelou que gravou “Mountain Climbing!”, o álbum de estreia dos Mountain que contém “Mississippi Queen”, com um cabeço de um PA Sunn Coliseum, modificado com válvulas KT88. Mas também não é segredo que West usou abundantemente cabeços JMP e JCM900 da Marshall. Será a um destes modelos que o antigo shredder dos White Lion se refere, repetindo que era «demasiado chavalo para compreender totalmente» a magnitude do gear que estava a usar nesse disco que, olhando em retrospectiva, foi um marco. Aliás, Bratta ficou na posse desse velho amp. «Então, era um puto com uma Stratocaster de Jimi Hendrix ligada a um Marshall de Leslie West. Tenho orgulho em dizer que ainda possuo esse amplificador. Mas foi tudo tão incrível que quase esperava que Jimmy Page surgisse de rompante e dissesse: ‘Ei, também precisas de algum do equipamento?’ Foi simplesmente incrível».

A Extinção do Leão Branco

Apesar de terem alcançado sucesso na época, os White Lion separaram-se, tal como a maioria das bandas hair metal dos anos 1980 e início dos anos 1990. Não foram exactamente votados ao esquecimento, como geralmente se diz dessas bandas, afinal ainda permanecem reconhecidos entre os fãs de heavy metal e hard rock, mesmo após a separação em 1992. O vocalista e guitarrista Mike Tramp seguiu carreira solo. Em 1999, reuniu o White Lion com uma nova formação (que esteve activa até 2013) que não incluiu Vito Bratta.

Neste momento, acredita-se que Bratta seja o único detentor dos direitos dos primeiros quatro álbuns dos White Lion. Numa entrevista do início deste ano, Tramp afirmou que é altamente improvável que os White Lion se reúnam novamente. Apesar de ser amigo de Bratta, salientou que o este não tem estado activo desde 1991: «Os White Lion, é claro, não se reunirão. Teríamos feito isso há 20 anos. O Vito não esteve num estúdio ou num palco desde ’91. Ele e eu somos amigos, compartilhamos certas coisas, mas não passa disso. Mas sabem? Mais ninguém será capaz de o dizer, mas não acredito que uma reunião dos White Lion fosse melhor do que os White Lion originais eram naquela época. Não somos o tipo de banda que deva reunir-se e ‘regressar’ a 1988, porque ninguém faria aquilo faço, que é amadurecer as canções. A banda tentaria tocá-las nota por nota. E já mudei as tonalidades dessas músicas para poder cantá-las também como um homem adulto, e assim por diante».

Naquilo que parece uma indirecta a muitas outras bandas (e não vale a pena mencionar quais, pois todos os adeptos do género sabem quais são), Tramp acrescenta, categórico: «Também não desejo que os meus pais voltem dos mortos e se reconciliem. Aquela vida acabou».

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