O contrabaixista e compositor André Carvalho editou o segundo tomo de “Lost In Translation”. “Waldeinsamkeit” e “Gökotta” são os singles que acompanharam a estreia do álbum a 31 de Março de 2023, via Clean Feed Records.
Sucedendo a “Tagumi”, “Waldeinsamkeit” é o segundo single do novo álbum do contrabaixista e compositor André Carvalho. De origem alemã, «Waldeinsamkeit é uma palavra intraduzível para expressar o sentimento de estar sozinho na natureza, nomeadamente num bosque. Este tema é constituído por uma única melodia, escrita sem harmonia ou ritmo. Uma única melodia que vai sendo tocada pelos vários elementos do trio. Quis que este tema fosse despido, simples e que a melodia fosse suficientemente forte para contar uma história só por si. Uma única melodia, como se se tratasse de uma pessoa sozinha no meio de um bosque. É um ambiente contemplativo, introspectivo e calmo», refere o compositor em press release, sobre o tema que possui uma pequena intro em que os vários músicos criam uma atmosfera quase onírica.
Nele, Carvalho junta-se os habituais elementos do seu trio: José Soares (saxofone) e André Matos (guitarra). O segundo single encontra-se disponível em todas as principais plataformas de streaming. O vídeo que acompanha o lançamento do single foi realizado por Pedro Caldeira, com direcção de fotografia de João Hasselberg e assistência de Martim Torres. O som, tanto do vídeo como de todo o novo álbum esteve a cargo do engenheiro de som Tiago de Sousa. O vídeo capta uma interpretação a solo de “Waldeinsamkeit”. O mesmo sucede com “Gölkotta”, o terceiro dos vídeo-singles que introduzem o disco. Aqui a palavra (um substantivo) tem raíz sueca e refere-se a despertar nas primeiras horas da manhã com o propósito de sair para o exterior e ouvir a primeira ave a cantar nesse dia.
Após o muito bem recebido “Lost in Translation”, André Carvalho prossegue aqui a sua viagem pelo mundo das palavras intraduzíveis com um segundo volume. Carvalho afirma que «certamente já se depararam com conceitos para os quais não temos uma palavra na nossa língua. Não quer isto dizer que não exista numa outra língua e que uma outra cultura tenha criado termo para tal conceito. Aprender tais palavras pode ser uma maneira de nos podermos exprimir melhor, vermos o mundo pelo olhar dos outros e de termos uma consciência maior do mundo exterior e do nosso mundo interior». Segundo o contrabaixista e compositor, a temática das palavras intraduzíveis, começou como uma mera curiosidade, mas rapidamente se tornou algo fascinante e, por isso, fazia todo o sentido continuar o projecto.
Descrito por André Carvalho como um «álbum contemplativo, intimista e ao mesmo tempo cru», este novo tomo apresenta 7 composições do líder e uma de André Matos, onde a improvisação, a espontaneidade e a exploração tímbrico-textural estão no centro do som do trio. Retomando a ideia de que aprender palavras intraduzíveis pode ser uma ponte entre culturas, o novo álbum incluirá composições inspiradas em palavras de línguas como o Farsi, Hausa ou Finlandês. Ao falar sobre o álbum, Carvalho retoma uma citação icónica de Wittgenstein: «Os limites da minha língua significam os limites do meu mundo».
André Carvalho diz realmente acreditar nisto e que para si, ao aprendermos novas palavras, a nossa consciência se torna mais sensível aos outros, tornamo-nos mais empáticos e o nosso mundo se torna mais rico. E por esta temática ser tão especial para si, o músico trabalhou num documentário com o realizador Pedro Caldeira, onde estarão envolvidos os contributos de vários linguistas, antropólogos, psicólogos, assim como acompanhará o trio desde a sua génese à gravação e apresentação da música.
O novo álbum conta com o apoio da Antena 2, Companhia de Actores e Teatro Municipal Amélia Rey Colaço. Gravado, misturado e masterizado por Tiago de Sousa, Carvalho divulgará também vários vídeos do trio realizados por Pedro Caldeira e com direcção de fotografia de João Hasselberg e assistência de Martim Torres. Paralelamente ao álbum, André Carvalho tem também trabalhado como compositor para cinema e recentemente foi galardoado como um dos finalistas do “Berlin International Film Scoring Competition 2023”, importante competição de música para cinema.
A foto do André Carvalho que ilustra o artigo é da nossa querida Vera Marmelo.