O contrabaixista e compositor André Carvalho vai editar o segundo tomo de “Lost In Translation”. “Tagumi” é o primeiro single do álbum que chega a 31 de Março de 2023, via Clean Feed Records.
“Tagumi” é o primeiro single do novo álbum de André Carvalho. De origem Haúça, língua falada no coração de África, «“Tagumi” é uma palavra intraduzível que significa “descansar a cabeça sobre uma mão ou joelho num acto de reflexão ou introspecção ou simplesmente de descanso”. Quando escrevi este tema, imaginei um ambiente contemplativo, introspectivo e calmo, próprio de quem está a descansar a cabeça, desligando-se por momentos do mundo exterior, ouvindo e perscrutando a sua voz interna.» O tempo é muito elástico, criando silêncios entre uma ideia melódica que se vai repetindo e mutando ao longo do desenrolar do tema, tocada ora pelo contrabaixo ora pela guitarra. Por sua vez, o saxofone expressa-se de uma forma textural e contrapontística, ou com sons guturais ou com pequenas contra melodias.
Após o muito bem recebido “Lost in Translation”, André Carvalho prossegue a sua viagem pelo mundo das palavras intraduzíveis com um segundo volume. Carvalho afirma que «certamente já se depararam com conceitos para os quais não temos uma palavra na nossa língua. Não quer isto dizer que não exista numa outra língua e que uma outra cultura tenha criado termo para tal conceito. Aprender tais palavras pode ser uma maneira de nos podermos exprimir melhor, vermos o mundo pelo olhar dos outros e de termos uma consciência maior do mundo exterior e do nosso mundo interior». Segundo o contrabaixista e compositor, a temática das palavras intraduzíveis, começou como uma mera curiosidade, mas rapidamente se tornou algo fascinante e, por isso, fazia todo o sentido continuar o projecto.
Nesta sequela, Carvalho volta a reunir o trio composto pelo saxofonista José Soares e pelo guitarrista André Matos, seus colaboradores habituais. Eleita “Editora de 2022”, a portuguesa Clean Feed Records será a editora de Lost in Translation – Vol. II, a sair dia 31 de Março de 2023.
Descrito por André Carvalho como um «álbum contemplativo, intimista e ao mesmo tempo cru», este novo tomo terá 7 composições do líder e uma de André Matos, onde a improvisação, a espontaneidade e a exploração tímbrico-textural estão no centro do som do trio. Retomando a ideia de que aprender palavras intraduzíveis pode ser uma ponte entre culturas, o novo álbum incluirá composições inspiradas em palavras de línguas como o Farsi, Hausa ou Finlandês. Ao falar sobre Lost in Translation, André retoma uma citação icónica de Wittgenstein: «os limites da minha língua significam os limites do meu mundo». André diz realmente acreditar nisto e que para si, ao aprendermos novas palavras, a nossa consciência se torna mais sensível aos outros, tornamo-nos mais empáticos e o nosso mundo se torna mais rico.
Com apresentações agendadas no Grândola Jazz Festival (31 de Março), Centro Cultural de Belém (1 de Abril) e Braga (Julho), o novo álbum conta com o apoio da Antena2, Companhia de Actores e Teatro Municipal Amélia Rey Colaço. Gravado, misturado e masterizado por Tiago de Sousa, Carvalho divulgará também vários vídeos do trio realizados por Pedro Caldeira e com direcção de fotografia de João Hasselberg e assistência de Martim Torres.
O primeiro single encontra-se disponível em todas as principais plataformas de streaming. O vídeo que acompanha o lançamento do single foi realizado por Pedro Caldeira, com direcção de fotografia de João Hasselberg e assistência de Martim Torres. O som, tanto do vídeo como de todo o novo álbum esteve a cargo do engenheiro de som Tiago de Sousa. Carvalho partilha também que, por esta temática ser tão especial para si, que está a trabalhar num documentário com o realizador Pedro Caldeira, onde estarão envolvidos os contributos de vários linguistas, antropólogos, psicólogos, assim como acompanhará o trio desde a sua génese à gravação e apresentação da música.
A foto de André Carvalho é da Vera Marmelo.
Um pensamento sobre “André Carvalho, Tagumi”