“War Pigs” e pliés! Não é a primeira fusão das artes que se possa pensar, mas o Birmingham Royal Ballet vai estrear uma produção que conta a ascensão dos Black Sabbath.
Criado pelo director do Birmingham Royal Ballet, Carlos Acosta, e por Tony Iommi, o Black Sabbath Ballet vai estrear em Birmingham, cidade natal da banda, em Setembro de 2023. Apresentará oito malhões dos fundadores do heavy metal e novas músicas inspiradas na sua discografia. Iommi disse, em programa da BBC Radio 4, que espera que o conto “do lixo ao luxo” atraia «tanto os nossos fãs como os fãs de ballet». Acosta contou no mesmo programa que se tornou um grande fã da banda no início do milénio, quando um amigo (amigos destes vale a pena) lhe mostrou a múse os titãs britânicos gravaram na sua discografia.
Após a estreia, com uma semana de residência no Birmingham Hippodrome, de 23 a 30 de Setembro de 2023, o ballet completo – uma obra de três actos – irá então em digressão, até ao Plymouth’s Theatre Royal e Sadler’s Wells em Londres. Num comunicado de imprensa que apresenta a produção, o guitarrista Iommi admite: «Nunca tinha imaginado emparelhar Black Sabbath com ballet, mas é algo com pinta! Estou ansioso por ver como tudo isto se desenvolve. Os Black Sabbath sempre foram inovadores e nunca foram previsíveis e nada é mais imprevisível do que isto! Já me encontrei com o Carlos várias vezes e o seu entusiasmo é contagiante». Entre as oito malhas originais dos Black Sabbath escolhidas para a produção estão “Paranoid”, “War Pigs”, “Orchid” e “Sabbath Bloody Sabbath” e a música será reorquestrada para o Royal Ballet Sinfonia.
A ideia de um ballet de Black Sabbath tem estado na mente de Acosta desde que este chegou a Birmingham no início de 2020, pouco antes do caos pandémico. O bailarino e coreógrafo com raízes cubanas refere: «Os Black Sabbath são provavelmente a maior exportação de Birmingham, a entidade cultural mais famosa – e infame – a emergir da cidade. Por isso fui naturalmente atraído pela ideia de uma colaboração com o que a maioria das pessoas poderia considerar ser o mais improvável dos parceiros. O entusiasmo da banda pelo projecto é uma gratificante validação. Eles estão a depositar a sua confiança em nós, de que conseguiremos criar algo completamente novo e original, e isso é uma responsabilidade e tanto, mas uma responsabilidade que estamos para lá de entusiasmados por assumir».
Nas declarações no programa Today, da BBC Radio 4, depois de confessar o seu estatuto de fã algo neonato da banda, Acosta destacou que um clássico como “War Pigs” ainda tinha uma ressonância enorme. «War Pigs permanece relevante hoje em dia, como por vezes os políticos e os governos se escondem atrás das palavras. E todas as guerras que estão a acontecer neste momento. É intemporal». O coreógrafo referiu ainda o quão incrível foi conhecer Iommi, que descreve como uma alma gentil. «Ambos fomos criados entre a pobreza da classe operária. A banda enfrentou essa dureza. Sempre representou imensa gente».
No mesmo programa, Iommi reforça que a narrativa se foca nessa ascensão “do lixo ao luxo”, como referido atrás, e confessou que ainda que possa apreciar o ballet como uma forma de arte, nunca assistiu a nenhum, até agora: «Fui ver um ensaio e estavam a dançar à minha volta, foi fascinante. Penso que fazer isto é muito aventureiro. Esperamos que atraia tanto os nossos fãs como os fãs de ballet».
Estas notícias surgem pouco mais de uma semana depois de Ozzy Osbourne ter anunciado a sua reforma. Já os Black Sabbath vão ser receptáculos de outra iniciativa importante em 2023, com a reedição dos seus discos da era Tony Martin.
Na fotografia (de Perou), a bailarina Sofia Linares.