Ozzy Osbourne anunciou a sua reforma da vida de digressões. «É uma das coisas mais difíceis que alguma vez tive que dizer aos meus fãs», escreve num comunicado onde refere a crescente debilidade física.
Em 1992, na sequência do álbum “No More Tears”, Ozzy Osbourne anunciou a digressão No More Tours. No final desse périplo, o icónico artista reconsiderou as suas opções e, durante mais 25 anos, continuou a lançar discos e a promovê-los na estrada. Então, em 2017, anunciou a No More Tours 2. Nessa digressão mundial, Ozzy Osbourne, o cantor e compositor distinguido no Hall of Fame e vencedor de um Grammy, celebrou cinco décadas como intérprete (tanto como artista a solo, como vocalista dos Black Sabbath, formados em 1968). Lisboa recebeu o Princípe das Trevas no dia 02 de Julho de 2018.
O que Ozzy talvez não antecipasse é que, desta vez, essa seria mesmo a sua última digressão. Planeada até 2020, começou por ser interormpida por motivos de saúde que conduziram a cirurgias e internamentos, datas adiadas que, devido à pandemia que se abateu no mundo, foram novamente adiadas, etc. Na noite de 31 de Janeiro para o dia 01 de Fevereiro de 2023, Ozzy publicou nas suas redes sociais um emocionado comunicado onde anunciou que a vida na estrada terminou de vez.
Pedimos emprestada a tradução do comunicado à LOUD!: «Esta é provavelmente uma das coisas mais difíceis que já tive que partilhar com os meus leais fãs. Como todos devem saber, faz agora quatro anos sofri um acidente grave, em que lesionei a coluna. O meu único propósito durante todo este tempo foi voltar ao palco. A minha voz ainda está óptima para cantar. No entanto, após três operações, tratamentos com células, sessões intermináveis de fisioterapia e, mais recentemente, o inovador tratamento Cybernics (HAL), o meu corpo ainda está fisicamente fraco. Sinceramente, sinto-me honrado pela forma paciente como todos mantiveram os vossos bilhetes durante todo este tempo, mas com toda a consciência, percebi que não sou fisicamente capaz para fazer a minha próxima digressão na Europa e no Reino Unido. datas, porque sei que não conseguiria lidar com as viagens necessárias. Acreditem em mim quando digo que a ideia de que estou a desiludir os meus fãs ME FODE realmente, mais do que vocês jamais poderão entender. Nunca poderia imaginar que a minha vida de digressões terminaria assim. A minha equipa está actualmente a pensar em ondeposso tocar sem ter que viajar de cidade em cidade e de país em país. Quero agradecer à minha família, à minha banda, à minha equipa, aos meus amigos de longa data, aos Judas Priest e, claro, aos meus fãs pela sua dedicação, lealdade e apoio sem fim, e por me darem a vida que eu nunca sonhei que teria. I love you all!»
Neste período, Ozzy deixou-nos dois discos. “Ordinary Man”, o 12º registo de estúdio do histórico frontman dos Black Sabbath, estreou no 21 de Fevereiro de 2020, através da Epic Records. Auto-proclamado melhor álbum de Ozzy, é um disco moderno e cheio de surpresas. Andrew Watt foi o protagonista, tendo surgido à altura da responsabilidade de renovar Ozzy Osbourne. Gravado em Los Angeles, ao lado do produtor Andrew Watt (que também assumiu grossa parte das guitarras), o álbum conta com Chad Smith, baterista dos Red Hot Chili Peppers, e Duff McKagan, baixista dos Guns N’ Roses. Slash surge como convidado, tal como Elton John, Tom Morello e ainda Post Malone.
Logo em Setembro desse ano, em conversa no programa “Live Check In” da Radio.com, Ozzy admitiu que durante o confinamento e a estagnação de digressões durante a crise pandémica preparou um novo disco: «Estou neste momento novamente a gravar. Comecei recentemente a trabalhar de novo com o Andrew». Parado em casa e sem poder capitalizar “Ordinary Man” na estrada, Ozzy virou-se para a criatividade. «É o que me faz sair da cama, é o meu trabalho. Fazer o álbum anterior salvou a minha vida. (…) Tens todo o tempo do mundo para fazer o melhor álbum possível».
E para fazer o melhor álbum possível, Ozzy reuniu uma constelação de estrelas da guitarra eléctrica. Melhor, uma galáxia de lendas das seis cordas, contabndo com contribuições de Eric Clapton, Jeff Beck (entretanto falecido), Tony Iommi, Mike McCready e Zakk Wylde. Andrew Watt tornou a assumir a produção e guitarras também e, à semelhança do disco de há dois anos, o novo álbum vai apresentar uma banda de apoio all-star que conta com Chad Smith e Taylor Hawkins (também falecido) nas baterias e com os baixistas Robert Trujillo, Duff McKagan e Chris Chaney.
No podcast OzzySpeaks, Osbourne confessou ainda que Eric Clapton hesitou em aceitar esta colaboração, devido a uma das letras do álbum referir-se a Jesus Cristo e deixar o Slowhand algo desconfortável mas, segundo o Príncipe da Trevas, «no final correu tudo bem e o solo de guitarra dele é muito bom».
O disco estava previsto para lançamento no início de 2022, mas o estado de saúde de Ozzy terá adiado o programa. No dia 13 de Junho, o cantor foi mesmo submetido a uma cirurgia que a sua esposa Sharon disse que «vai determinar o resto da sua vida». O rocker de 73 anos, na altura, sofre de problemas de saúde há anos, e mencionou que estava à espera de uma cirurgia à coluna que teria um efeito profundo na sua vida quotidiana. «Não consigo andar bem. Faço fisioterapia todos os dias de manhã. Estou um pouco melhor, mas não tanto quanto gostaria de estar para voltar à estrada». Tudo correu pelo melhor e Ozzy revelou depois estar a recuperar favoravelmente o seu estado de saúde actual.
No entanto, apesar dos esforços, e com mais um ano em cima, Ozzy já não pode assumir o compromisso e a exigência física de uma digressão. “Patient Number 9”, esse, foi um dos grandes discos do ano passado.
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