Black Sabbath, O Restauro da Era Tony Martin

Os álbuns da segunda metade da década de 80 e dos primeiros anos da década de 90 – os álbuns IRS dos Black Sabbath – estão apontados a reedições em 2023. Foi o próprio Iommi a confirmar que discaços algo ostracizados como “The Eternal Idol” ou Tyr” vão ser restaurados, para revelar toda a glórias de alguns dos melhores line-ups da história da banda britânica, quando nomes como Cozy Powell, Eric Singer ou Tony Martin refundaram a estética das lendas de Birmingham.

Sinceramente, esperávamos ter dado esta notícia mais cedo. Estávamos em Janeiro de 2022 e Tony Martinm no seu Facebook oficial, deixava entender que a era em que a sua voz foi a protagonista dos Black Sabbath ia ser alvo de restauro e reedição: «Então, recebi uma chamada do manager do Tony Iommi e parece que agora há um acordo discográfico para a minha era de álbuns nos Sabbath! Por isso, parece que uma reedição é algo que vai realmente acontecer».

Obviamente que as coisas não sucederam em 2022. Mas, em Novembro passado, Martin deu a entender que, ainda com adiamentos, as reedições permaneciam previstas e explicou os atrasos«A política em torno das bandas é uma coisa muito estranha, para começar. Os Black Sabbath nunca foram uma banda minha. Fui contratado para transportar o legado dos Black Sabbath, o que me senti honrado e privilegiado de fazer. Por isso, não tive, e continuo a não ter, qualquer palavra a dizer no que se passa. Eles vão relançar [registos da era Tony Martin]. Não faço ideia do que está a acontecer para lá disso. Sei que vai ser no próximo ano, mas é tudo o que sei».

Esta ignorância em relação aos mecanismos editorias da banda e ao seu centro de decisões, explica Martin, não é nenhuma novidade: «Na altura, passava-se o mesmo e nunca soube realmente nada. Tinha o meu próprio manager, o Tony [Iommi] tinha um manager, o Geezer Butler tinha um manager – era um pouco à Spinal Tap. Toda a gente tem o seu próprio manager. Falavas com o teu manager, depois ele telefonava ao manager de outra pessoa para ir ter com eles e depois voltava para mim. Por isso, era um pouco louco estar na banda. Muitas vezes lia nas entrelinhas para tentar ter uma ideia do que estava a acontecer, porque as perguntas directas simplesmente não funcionavam».

A confirmação agora chegada não é totalmente oficial, mas vindo de Iommi é como se já estivesse gravada na pedra. No seu Twitter, a propósito daquele que seria o 75º aniversário do extraordinário baterista Cozy Powell, no passado dia 29 de Dezembro de 2022, o guitarrista escreveu: «O Cozy Powell faria 75 anos, hoje. Estou ansioso para as edições dos álbuns IRS em 2023, uma homenagem à sua grande capacidade».

Por «álbuns IRS», Iommi refere-se aos álbuns da label norte-americana com quem o guitarrista assinou contrato em 1988. Portanto, os direitos editoriais dessa época são uma manta de retalhos. Por exemplo, a Universal possui os direitos de “Eternal Idol” e por isso essa é o único disco cantado por Tony Martin oficialmente disponível nos serviços de streaming. Depois, “Dehumanizer” (1992) pertence à Warner. Ainda que tenha sido editado pela IRS, com o regresso de Dio aos Sabbath, os direitos de distribuição foram cedidos à major label nos States, que tinha contrato com o lendário frontman.

Discos como “Headless Cross” (1989), “Tyr” (1990), “Cross Purposes” (1995) e “Forbidden” (1995) sempre pertenceram exclusivamente à IRS. Sucede que esta label se tornou parte do grupo Universal e assim estão abertas as vias para a uniformização das reedições. No fórum oficial dos Black Sabbath, está tudo muito bem detalhado.

Quanto a Tony Martin, o vocalista emprestou a voz aos Sabbath entre 1987 e 1991 e depois entre 1993 e 1997. Martin é o vocalista nos álbuns “The Eternal Idol”, “Headless Cross”, “Tyr”, “Cross Purposes” e “Forbidden”. A sua reedição é uma excelente notícia, pelo menos para nós aqui na ROMA INVERSA que consideramos os três primeiros dos referidos discos autênticas jóias ocultas. Particularmente “The Eternal Idol” e “Tyr”.

No primeiro, além de Iommi e Tony Martin, os Sabbath eram Bob Daisley (baixo), Geoff Nicholls (synths) e Eric Singer (bateria). Um line up de luxo, igualado por Iommi, Martin, Nicholls e Cozy Powell, com o baixista escocês Neil Murray. Além disso, até pela verdadeira inspiração dos riffs de Iommi aqui gravados, estes álbuns são criminalmente desprezados.

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