Carcass

Carcass no Lisbon Tattoo Rock Fest 2023

Depois dos brasileiros Worst, os Carcass são a segunda banda confirmada no Lisbon Tattoo Rock Fest. A grande cimeira nacional dedicada à contracultura e à paixão pela tatuagem regressa ao LAV – Lisboa Ao Vivo, desta feita durante quatro dias, de 5 a 8 de Outubro de 2023.

Redefinindo a sua programação uma vez mais, o Lisbon Tattoo Rock Fest, a maior convenção internacional de tatuagem em Portugal, está de regresso entre os dias 5 e 8 de Outubro de 2023, no LAV – Lisboa Ao Vivo. O festival representa um encontro mundial de profissionais e amantes da arte corporal, tendo como propósito a troca de ideias e o contacto com novas tendências e produtos da indústria da tatuagem.

Como passou a ser tradição, o festival premeia a qualidade dos trabalhos feitos no recinto pelos tatuadores presentes por via de várias categorias. Entre elas, são premiadas a melhor tatuagem de cada dia e a melhor tatuagem do evento em geral, no conjunto dos dias de convenção, prémio a ser atribuído no último dia, 8 de Outubro. Surgindo com um conceito pioneiro que alia a cultura da música rock e o mundo da tatuagem, o Lisbon Tattoo Rock Fest aposta em nomes reconhecidos da música nacional e internacional.

Afinal, segundo a organização (Hell Xis), é importante criar diversos focos de animação e surpreender o público de forma constante. Por isso, a música ao vivo é também uma das grandes atrações do evento. E depois do anúncio das datas, começaram a chegar as confirmações das bandas em cartaz. Desde logo, em Junho, foi confirmado que os Worst (São Paulo, Brasil) actuam no dia 6 de Outubro. Um concerto que servirá de apresentação do seu novo disco, intitulado “Resurrected”.

Já em Agosto, foi confirmado que os Carcass actuam no evento, no dia 8 de Outubro. Será a única data das lendas britânicas do death metal no nosso país, onde regressam um ano depois (e alguns meses) do concerto no Coliseu de Lisboa, inserido na digressão European Siege e o qual testemunhámos de perto.

A Ascensão, a Queda & a Reanimação dos Carcass

Nos anos 60, uma banda de Liverpool revolucionou a música. Oriundos da mesma cidade, os Carcass tiveram também um papel revolucionário na música. Com origem nos anos 80, a banda teve ainda um papel preponderante na definição do grindcore, com o álbum de estreia “Reek Of Putrefaction”. Todavia, a banda ganhou o seu estatuto primeiro na definição do death metal como um dos maiores subgéneros do heavy metal, nos excelentes álbuns “Symphonies Of Sickness” e “Necrotism – Descanting The Insalubrious”, e depois na criação de uma das maiores obras-primas do género e da música extrema, o álbum “Heartwork”.

Os puristas irão defender os álbuns anteriores, principalmente “Necrotism…”, menosprezando o surgimento de uma matriz melódica nos Carcass, mas sob a ferocidade eléctrica das guitarras de Bill Steer e Michael Amott, a banda voa sobre um terramoto de peso, conseguindo concretizar um dos mais difíceis exercícios dentro do espectro mais extremo da música: mantendo a agressividade nuclear do som, consegue ampliar a musicalidade das composições, dotando o álbum de uma projecção mais universal, a roçar a esfera do rock.

O tema título é um exemplo perfeito desta noção e encerra em si as várias dinâmicas que colidiram entre si para o elevar a um dos melhores álbuns dos anos 90. Ken Owen tem aí uma prestação extraordinária, combinando violência e groove na bateria – o que alterna ao longo do álbum e pode ser observado facilmente ouvindo a sequência “Carnal Forge” e “No Love Lost”. Infelizmente, Michael Amott deixou a banda após a gravação do disco.

O tremendo sucesso de “Heartwork” despertou o interesse da Sony, através da Columbia, em assinar a banda. A editora avançou mesmo com o pagamento adiantado para um álbum. A banda começou a escrever novo material e entrou em estúdio para o gravar. No entanto, a editora começou a interferir no trabalho, avisando os Carcass de que os temas não estavam prontos para ser gravados e sugerindo que os vocalizos fossem num registo totalmente diferente.

Ao contrário dos desejos da editora, a banda descartou gravar com Terry Date – que na altura tinha já no bolso discos como “Cowboys From Hell”, “Vulgar Display Of Power” e “Far Beyond Driven”, os três álbuns da era dourada dos Pantera, ou “Badmotorfinger”, dos Soundgarden, apenas para citar alguns. Os Carcass mantiveram a parceria com Colin Richardson e Terry Date assumiu a produção histórica de “Adrenaline”, o álbum de estreia dos Deftones. A editora acabou por desistir do álbum e a banda vendeu o disco à Earache, regressando à casa de partida.

E se com “Swansong” a banda ainda teve a audácia de tornar a surpreender, fazendo um álbum que seguia o death ‘n’ roll dos companheiros de editora, os Entombed, ou o Lado B do single “Hyperballad”, de Björk, com uma remix do tema “Isobel”, o contrato falhado com a Columbia (com o mainstream tão próximo) e as mudanças de line-up provocaram o declínio e a banda parou mesmo. A reunião do line-up clássico, em 2007, trouxe concertos vibrantes, mas Amott não participou na criação de “Surgical Steel”. Ainda assim, o álbum de 2013 mostrou um regresso às raízes death metal da banda e foi capaz de, no mínimo, se mostrar à altura dos antecessores.

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