Há uma boa hipótese de já terem lidado com todos, ou com a maioria, destes tipos de cabos áudio – mesmo que não estivessem exactamente conscientes do seu funcionamento específico e categorização. Neste guia resumimos aplicações e recordamos o recorrente dúvida do vermelho e branco e o seu posicionamento.
No caso de almejarem uma carreira profissional na engenharia de som e estarem a dar os primeiros passos ou mesmo como simples melómanos, é fundamental saber como ligar correctamente todas as peças de um sistema de gravação, de som recriação caseira ou de som ao vivo. É aí que entram todos estes tipos de cabos de áudio e se torna útil saber o básico das suas funções. Antes de começar esta espécie de lista/guia, importa distinguir a primeira grande cisão: a diferença entre cabos analógicos e digitais.
Podem estar descansados, pois não precisam de nenhum curso. Nós também não o temos. Basta alguma paciência para percorrer uma pesquisa no Google e descobrir a informação aqui reunida. E compreender este primeiro ponto é, na verdade, bastante simples. Um cabo analógico, digamos um XLR, envia informação utilizando electricidade. Um microfone condensador é um bom exemplo para utilizar; este tipo de micro recebe o espectro de energia (ghost power), da sua interface ou pré-amplificador através da ligação, com um cabo XLR e depois converte essa informação em energia acústica na outra extremidade e envia-a de volta pela condução do XLR para a gravação. Já os cabos digitais transmitem informação através de longas cadeias de código binário. O exemplo mais simples disso é a ligação de um interface de hardware (um processador de efeitos, digamos) ao computador via USB.
Ligações balanceadas (equilibradas) vs. não balanceadas (desequilibradas). Assimilada a diferença entre analógico e digital, o próximo passo a compreender sobre os tipos de cabos de áudio é a diferença entre ligações balanceadas e não balanceadas. Os cabos balanceados têm três fios na manga: um condutor positivo (quente), um condutor negativo (frio) e uma ligação à terra. Os cabos balanceados estão, na sua maioria, livres de interferências em longos percursos graças aos dois fios de sinal: se entrar ruído no cabo, o condutor frio (que transporta o mesmo sinal que o quente) tem a sua polaridade invertida para cancelar o ruído. Os cabos não balanceados têm apenas um fio condutor e uma ligação à terra. São mais propensos a interferências, mas são usados a torto e a direito, não é guitarristas? A respeito de interferências, convém ainda referir os cabos blindados (shielded), que oferecem algo extra na resistência ao ruído externo e afins. Extra esse que consiste em cabos de cobre à volta dos condutores internos, geralmente com um padrão trançado, um padrão em espiral ou uma fina camada de alumínio. A quantidade e o estilo de blindagem refere-se tipicamente à qualidade do cabo, que acaba por reflectir-se no seu preço.
Vamos lá aos diferentes tipos de cabos de áudio e às suas utilizações. Afinal, o factor mais óbvio na determinação do tipo de cabo áudio a utilizar é o que se está a tentar ligar e concretizar. Nem mais, uma lapalissada! Na verdade, trata-se apenas de tentar fazer corresponder as ligações do nosso equipamento ao nosso interface, consola de mistura, amplificador, altifalante, etc. Portanto, o equipamento é que vai ditar os cabos que utilizamos. Certamente, já ouviram a expressão: «O material tem sempre razão». Se parecer demasiado simples, então estamos no caminho certo. Sem mais demoras, eis as nomenclaturas e aplicação dos cabos…

TRS | O “jack finório”. Os cabos TRS (tip-ring-sleeve) são um tipo de cabo analógico balanceado com uma ligação de 1/4″. Podem identificar-se verificando os dois anéis em torno da ponta superior dos conectores. Os cabos TRS podem criar ligações mono balanceadas, bem como ligações stereo não balanceadas. Um bom exemplo de um sinal mono balanceado é a utilização de um TRS para ligar uma entrada/saída de linha no interface – digamos, das saídas do monitor de interface para o monitor de colunas. As ligações TRS tornam-se não balanceadas quando ambos os condutores são utilizados para enviar informação stereo. O exemplo mais comum disso é a saída de auscultadores do interface.

TS | O “bom e velho jack”. Os cabos TS (tip-sleeve) são um tipo de cabo analógico não balanceado com uma ligação de 1/4″. Podem identificar-se verificando o solitário anel em torno da ponta superior dos conectores. «One Ring to Rule Them All» ou o Tolkien é que a sabia toda. Pois, os cabos TS são os cabos de guitarra ou de mil outros instrumentos, para ligar aos amps, para passar sinal entre pedais de efeitos, sintetizadores, caixas de ritmo, enfim, não será necessário grande exemplificação.

XLR | Esta foto serve apenas para um comic relief fatela: Não enrolem os cabos assim! Os cabos XLR são um tipo de cabos analógicos balanceados com conectores macho ou fêmea de três pinos. São, essencialmente, o standard no mundo do áudio profissional pela sua resistência às interferências, mesmo em longos períodos de utilização. Os cabos XLR são mais frequentemente utilizados para ligar microfones a hardware, mas também encontrarão ligações XLR em colunas de monição com sistema de potência, sistemas PA, consolas de mistura, alguns instrumentos com Entradas e Saídas XLR, etc.

RCA | Os cabos RCA são um tipo de cabos analógicos não balanceados com um par de conectores stereo. Normalmente há um conector vermelho para o canal direito e um conector branco para o canal esquerdo. A utilização mais comum para cabos RCA em áudio é ligar equipamento DJ, como os gira-discos e misturadores, por isso também se encontra frequentemente em configurações A/V domésticas.

SPEAKON | Os cabos Speakon são um tipo bastante singular de cabos analógicos não balanceados, com um mecanismo de bloqueio no conector. Estes cabos são especificamente utilizados para ligar altifalantes a amplificadores. Normalmente, utilizam-se cabos Speakon para ligar monitores de palco a amplificadores de potência e, por vezes, um amplificador de instrumento a uma coluna (mais nos amplificadores e colunas de baixos eléctricos). Com este tipo de cabos fechamos a lista analógica.

MIDI | Surgido no final dos anos 70 e início dos anos 80, o MIDI e o seu respectivo cabo reinou no mundo da música, sendo o cabo digital mais comum em instalações mais reduzidas e home studios. Até ter surgido o USB. Os cabos MIDI não enviam sinal sonoro, mas transmitem informações de eventos a partir de um dispositivo MIDI para outro dispositivo. No que diz respeito aos home studios, o MIDI é sobretudo usado para enviar o sinal OUT de um teclado ou controlador para o IN de um interface MIDI ou uma entrada MIDI num interface ou consola de mistura.

ADAT | Um tipo de cabo óptico que pode transportar múltiplos canais de áudio digital através de um único cabo. Pode transportar oito canais a 48 kHz ou quatro canais a 96 kHz. Podem, por exemplo, ter um pré-amplificador de microfone multicanal e usar o ADAT para enviar todos os canais do pré para o interface.

Dante | O Dante não é bem um tipo de cabo em si, mas sim um sistema de envio comprimido de vídeo e centenas de canais de áudio para transmissão através de cabos Ethernet. Ainda que não se encontre o Dante num home studio, este sistema é uma solução prática para simplificar as soluções em pavilhões e estádios, grandes estúdios gravação e filmagens, enfim em cenários de grande amplitude.

USB | Para terminar, temos o cabo digital que é, actualmente, o dono disto tudo. Em estúdio, os cabos USB têm o poder de transportar áudio, energia (no caso de interfaces e equipamento com alimentação “bus”) e, por vezes, também informação MIDI. Mesmo para esfregar na cara do MIDI… A maioria dos músicos e melómanos já usa um interface áudio USB, um controlador MIDI USB, e muito mais.
Estes são os cabos, analógicos e digitais, mais comuns, existem coisas mais excêntricas e existem combinações de dois ou mais tipos de cabos. Há milhares de artigos e guias sobre cabos áudio e as suas aplicações, como o Understanding Different Audio Cable Types & Their Uses, no blog Produce Like a Pro, o qual adaptámos.
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