O Último Concerto Registado de Randy Rhoads

Ao lado de Ozzy Osbourne em Kalamazoo, durante a Diary Of A Madman Tour, em 1982. Eis o último concerto registado de Randy Rhoads (bootleg extraído da consola FOH), um mês antes do acidente fatal.

Depois de um concerto no dia 18 de Março em Knoxville, Tennessee, inserido na digressão de “Diary Of A Madman”, Ozzy Osbourne, Tommy Aldrige, Rudy Sarzo, Don Airey e Randy Rhoads viajaram para Orlando, na Florida. Depois de uma longa noite no tour bus, a comitiva parou num aeródromo onde o condutor da banda convenceu Airey a fazer um pequeno voo consigo (era possuidor de brevet). Após a aterragem, convenceu a cabeleireira da digressão a voar consigo e também conseguiu meter Randy no avião, apesar do medo que o guitarrista possuía de voar. O piloto, como divertimento, procurou fazer razias ao tour bus para acordar os restantes elementos da banda, numa dessas razias a asa esquerda do avião chocou com o autocarro, acabando por se despenhar numa garagem na vizinhança…

A morte súbita de Randy Rhoads, com apenas 25 anos de idade, não privou apenas Ozzy Osbourne daquele que é por muitos considerado o melhor guitarrista com que tocou ao longo da sua carreira, mas também dum dos mais inovadores nomes da história da guitarra eléctrica – e um dos principais responsáveis pela fusão do mundo electrificado do blues que pontificava no universo do rock com o mundo da música clássica, com as progressões melódicas da guitarra clássica. Rhandy Roads iniciou a revolução neoclássica no heavy metal, e tudo isto com uma carreira tão curta!

No preâmbulo editorial de “Ordinary Man”, Ozzy Osbourne deu algumas entrevistas promocionais e numa em particular, uma sessão Q&A enviada como press release, fez uma retrospectiva aos primeiros tempos da sua carreira como artista a solo, depois de ter abandonado os Black Sabbath. Um dos pontos também teve que ver com a anormal quantidade de super estrelas da guitarra eléctrica com quem colaborou na sua carreira. Para Ozzy, houve um acima de todos os outros. Questionado sobre a preparação do seu álbum de estreia a solo, o fenomenal “Blizzard Of Ozz”, Ozzy respondeu como Randy Rhoads foi determinante, ajudando-o a mudar por completo a sua abordagem à composição musical. «Em Black Sabbath, deixava-os fazer a sua cena e depois acrescentava as vozes, independentemente na tónica. Tinha que, por tentativa e erro, conseguir colocar ali uma melodia. Mas quando comecei a trabalhar com o Randy Rhoads, ele foi o primeiro a dizer-me: ‘Talvez devas tentar nesta afinação’ e fiquei… ‘Oh!’ Foi o primeiro gajo a, no mínimo, ter em conta a minha opinião e dar-me uma oportunidade. Mas ganhei experiência ao trabalhar com Black Sabbath e isso tornou-me mais fácil trabalhar com outros músicos. Mas com o Randy, tornou-se novamente divertido!»

A partir daí, confrontado com quais as diferenças entre os guitarristas com que trabalhou na sua carreira solo, nomeadamente o icónico trio Rhoads, Jake E. Lee e Zakk Wylde, a resposta foi pronta: «O Randy Rhoads era o melhor. Se tivesse que dizer-te com qual dos guitarristas devias optar por trabalhar, qual tinha a maior formação musical, era o Randy, porque podia compor, podia ler, podia tocar, ensinava na escola de música da sua mãe e era paciente comigo». Ozzy prosseguiu os elogios a Randy Rhoads que, na verdade, sempre foram recorrentes ao longo da sua carreira, tal como a sua comoção a falar do príncipe da guitarra eléctrica e da sua morte trágica: «Ele conseguia trabalhar comigo, ao invés de trabalhar em cima do que lhe apresentasse. Era divertido! Depois morreu daquela forma trágica. Nunca esquecerei isso enquanto viver. Essa história que todos sabemos. Mas, quero dizer, ele era apenas um miúdo. Tinha vinte e poucos. Não parece justo… Tenho 70 anos e é desolador pensar que ele morreu tão novo».

Já em 2021, Randy Rhoads entrou no Rock and Roll Hall of Fame. O lendário guitarrista recebeu o Prémio de Excelência Musical, que é atribuído a artistas, músicos, compositores e produtores cuja originalidade e influência na criação musical tenham tido um impacto significativo na música. Numa conversa com a Rolling Stone, Ozzy disse: «Conheci-o durante muito pouco tempo. Mas o que ele me deu nesse curto espaço de tempo foi de uma grandeza imensurável para c*ralho. Ter alguém como o Randy Rhoads a tocar em dois álbuns, e que esses dois álbuns continuem a soar tão bem como no dia em que foram gravados, é qualquer coisa. E estou eternamente grato por isso. Só Deus sabe o que aquele homem teria conseguido até hoje. O próprio facto de ele não estar aqui a respirar é simplesmente uma m*rda de um crime».

Ozzy referia, feliz pelo reconhecimento de Randy: «Graças a Deus foi reconhecido pelo Rock And Roll Hall Of fame. Finalmente chegou. Lamento que a sua mãe não esteja viva para ver, porque ele era muito próximo da sua mãe. Sei que o seu irmão, Kelle, e a sua irmã, Kathy, vão ficar felicíssimos. É algo que prova que ele não foi esquecido. Ele era um músico dedicado, verdadeiro, e era um tipo encantador. Ainda penso nele o tempo todo». A sua morte foi um enorme choque e Ozzy confessou na sua autobiografia, “I Am Ozzy”, que quase desistiu da música depois da morte de Randy. Podem recordar o último concerto registado que existe dele…

O bootleg foi feito a partir de gravação do áudio da consola de mistura, pouco mais de um mês antes do acidente que vitimou o guitarrista. O concerto teve lugar a 09 de Fevereiro de 1982, em Kalamazoo, Michigan, no Wings Stadium. Apesar de não ter vídeo, é o bootleg com melhor som captado num concerto de Rhoads. Vale ouro este áudio feito a partir das duas master tapes. 1: “Over the Mountain”, “Mr. Crowley”, “Crazy Train”,”Revelation Mother Earth”, “Steal Away the Night”, “Suicide Solution” (Randy Rhoads Solo), “The Man on the Flying Trapeze” (Tommy Aldridge Solo), “Goodbye to Romance”, “I Don’t Know” 2: “No Bone Movies”, “Believer”, “Flying High Again”, “Iron Man”; “Children of the Grave”, “Paranoid”.

2 pensamentos sobre “O Último Concerto Registado de Randy Rhoads

Leave a Reply