Editado a 25 de Agosto de 2017, “Villains” mostra os Queens Of The Stone Age a provarem aquilo em que, no seu típico humor, Josh Homme sempre acreditou: que o rock deve ser suficientemente pesado para os rapazes gostarem e doce quanto baste para as raparigas.
No tempo em que um amigo nos emprestava um disco e o gravávamos para uma cassete (nessa época não havia punição para ninguém por se “ripar” discos) os 48 minutos de um disco como “Villains”, dos Queens Of The Stone Age, iriam obrigar a uma matemática complexa: que três minutos cortar ao álbum, para caber num lado de uma fita de 45 minutos? Talvez a solução mais simples fosse comprar efectivamente o disco!
A improvável produção de Mark Ronson [Adele, Amy Winehouse, Bruno Mars, Lady Gaga], que contou ainda com o auxílio de Mark Rankin, bem como a mistura de Alan Moulder, não comportam necessariamente grandes diferenças ao álbum anterior. Portanto, apresenta também um luxurioso corpo sonoro, com uma robustez enorme e definição multi-instrumental soberbas (afinal Rankin tornou a assumir o leme na engenharia de som). A diferença está na optimização de uma antiga ideia de Josh Homme, a de que o rock deve ser suficientemente pesado para os rapazes gostarem e doce quanto baste para as raparigas. Esse é o equilíbrio em que assenta a produção e composições de “Villains”. Há também um papel mais preponderante da sintetização (“Feet Don’t Fail Me”, “Un-Reborn Again”, “Hideaway”, etc).
Villains é como uma pantera saltando de árvores, vinda do escuro.
Josh Homme
«O título “Villains” não tem qualquer conotação política. Não tem nada que ver com Trump ou outra merda qualquer. É, muito simplesmente 1) uma palavra cheia de pinta e 2) um comentário às três versões de cada acontecimento: a tua, a minha e o que realmente aconteceu… Desde sempre que toda a gente precisa de algo ou alguém contra quem se insurgir – o seu vilão. Não dá para controlar isto. A única coisa que se pode realmente controlar é quando colocas isso atrás das costas.», dizia Josh Homme em comunicado, usando ainda expressões tão pitorescas como «sem tempo/época musical» ou «uma pantera saltando de árvores, vinda do escuro» para descrever “Villains”.
Um reflexo do típico humor de Homme, mas com aplicações concretas na escuta do álbum, cujo rock ‘n’ roll viaja, sem tempo, pela discografia da banda e por várias eras do género ou prestando homenagem a lendas da sua história, como Bowie (no tema “Fortress”). E há momentos em que somos, de facto, apanhados de surpresa e ficamos estarrecidos com detalhes que nos obrigam a uma atenção espontânea e constante a essa pantera, como sucede com os ad libs de guitarra em “Domesticated Animals”, por exemplo. E de facto, se desde 1998 que estamos habituados a grandes canções dos QOTSA, a extravagância de arranjos e elementos instrumentais que se entre-cruzam a cada compasso de “Villains” não permite abdicar, sequer de três minutos do mesmo.
Hoje em dia não há o problema da duração da fita, mas façam um favor a vós mesmos e vão comprar para a vossa colecção um dos melhores álbuns de 2017.
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