Em 2022, a Roland celebra 50 anos de existência. A encerrar um ano de celebração a marca criou uma versão especial e limitada de um dos seus mais bem sucedidos produtos, o lendário JC-120 ou Roland Jazz Chorus.
A Roland foi fundada em Abril de 1972 e celebra o seu 50º aniversário em 2022. Celebrizado por Albert King, consolidado por Pat Metheny e redescoberto pelo pós punk na sua primeira vaga e nos seus movimentos revivalistas, o Jazz Chorus é um daqueles amplificadores que merecem o termo lendário. O Jazz Chorus já conta com basicamente 50 anos de vida, tendo surgido o seu primeiro modelo em 1975 – o JC-120. É aclamado como um dos amplificadores que melhor som limpo possui, além do equilíbrio e beleza do seu efeito Chorus em stereo.
A configuração do amplificador tem mantido o esquema original do JC-120 ao longo dos anos, seja em modelos raros como o JC-160 (4×10”) de Robert Smith, dos Cure, seja na recente edição de aniversário JC-40. São dois canais: um deles limpo e o outro com os efeitos de Chorus, Vibrato, Reverb e Distortion. O amp possui entradas “high” e “low” e um switch para brilho. Cada um dos canais possui volume e EQs (baixos, médios, agudos) independentes.
A Roland criou o Jazz Chorus como um amplificador de elite, como o nome indica, visando mais o universo do jazz. Como tal, o JC não era um amplificador barato. Quando surgiu, o JC possuía uma peculiaridade, não possuía válvulas. No mundo tecnológico actual não vemos isso como algo substantivo, mas no final da era de ouro analógica, era surpreendente um circuito de transístores ser capaz de possuir um som encorpado e “aguentar-se” em cenários de volume mais extremo. Características, aliás, que tornaram o JC uma das ferramentas favoritas, por exemplo, dos guitarristas dos Metallica para o seu som limpo – prova do poder e versatilidade do amp.
A forma como a Roland ultrapassou as limitações de época deste tipo de amplificadores foi, além de um circuito com um design realmente bem concebido, a opção de usar dois power amps de 60 watts, combinados para atingir o dobro da potência. Ao usar uma estrutura de amps e altifalantes “gémeos”, a Roland permitiu-se dividir o sinal de entrada do modelo de forma a potenciar a verdadeira conquista do JC: o efeito Chorus em stereo, que aumentava a sensação de espaço do efeito e, consequentemente, do som.

Além disso, o novo modelo da Roland acabava por, no seu preço, se tornar um amplificador bem económico. Um bom amplificador a válvulas sempre teve o seu custo, que aumentava devido à sua manutenção, o JC não necessitava de cuidados com o desgaste e troca de válvulas, uma vez que não usava esse tipo de circuito. De forma resumida, o JC-120 era um amp com um som sólido e bonito (como hoje todos reconhecem), com uma capacidade de volume muito acima do que era normal nos amps com circuitos de transístores e inovador.
Os anos 80 extremaram posições na amplificação. De forma simplista, as bandas de rock continuavam apegadas ao poder massivo dos stacks valvulados, enquanto o universo pop foi procurando uma subtileza sonora mais brilhante, mais suave e integrável com a era da sintetização. Se o JC surgiu um pouco à frente do seu tempo, os anos 80 iriam coroá-lo como um amplificador axiomático no som da década. E o som da década de 80 foi marcado por Chorus e Reverb, os dois efeitos de maior destaque no amplificador. O solid-state surgia no som de Andy Summers, nos Police, de Robert Smith e dos Cure, nos Siouxsie And The Banshees, Culture Club, o próprio Jeff Buckley usou um modelo.
O revivalismo pós punk, nos dias de hoje, ainda ecoa com esses dois efeitos, como nos dizia Zachary Cole Smith no Alive’13: «O Roland Jazz Chorus! Puseste-me excitado. É tipo o melhor amp: a) não tem válvulas a estragá-lo, b) tem o som mais limpo e espantoso, o chorus é muito bom e o reverb. O melhor amp, de sempre! Não uso mais nada. É porreiro porque o nosso teclista pode usar o seu teclado por aí, enfim… É somente o melhor amp»!
O frontman dos DIIV, toca um ponto interessantíssimo, a capacidade do JC em ser usado como amplificador de sintetizadores ou de baixo. Algo a que os Glass Animals recorreram para criar os suaves e luxuosos graves do seu álbum de estreia: «Usámos um pouco o Ampeg B-15, misturado com um Jazz Chorus – que está em todo o lado. O Jazz Chorus não é, propriamente, para baixo, mas conseguimos tirar o som “certo” dele, soa com o ataque que procurávamos em muitas das canções. Ligava-se tudo a isso. São espantosos e o Chorus soa incrível! Usamos o Chorus desse amp o tempo todo, através do pedal que fizeram só com o efeito do amp, o Boss CE», confessava-me, há uns anos, Dave Bayley, a respeito da sonoridade de “Zaba”.
50th Anniversary
Ao fim de cinco décadas, o JC-120 Jazz Chorus permanece uma das mais valiosas jóias lapidadas pela Roland e a marca vai assinalar o seu 50º aniversário com uma versão de edição limitada do amp. O amplificador é fiel ao desenho original, com duas colunas de 12 polegadas, um imersivo chorus stereo no circuito e a tradicional disposição de controlo. De resto, o respeito da marca pelos specs originais é um dos motivos para a sua longevidade. Ao longo destas cinco décadas não houve alterações de monta. Claro que é uma decisão fácil, considerando a bomba que o JC-120 se revelou logo na sua introdução.
O que distingue esta edição 50th Anniversary são a características visuais. Desde logo, o verniz cherry wood de poros abertos, inspirado nas famosas flores de cerejeira do Japão. Além disso, cada amp tem uma grelha em cinzento escuro e carimbada com um selo especial que apresenta o número de série gravado à mão. A Roland cunha esta edição como uma «versão especial de coleccionador do clássico amplificador JC-120 Jazz Chorus».
Como, infelizmente, sucede na maioria destes casos, para deitarem mãos a esta edição especial do JC-120 Jazz Chorus Amp, precisam de agir rapidamente, uma vez que existem apenas 350 unidades nesta corrida limitada. Estão já disponíveis em distribuidores seleccionados e chegam às lojas em Fevereiro de 2023, a valer uns dois mil dólares. No entanto, quem quiser comprar um pode registar o seu interesse no website Roland.