SWR Feast, O Groove Triunfal dos Autopsy

Os norte-americanos Autopsy, cumpriram todas as expectativas (e mais algumas) no concerto no Barroselas Metalfest e naquela que foi a primeira visita das lendas do death metal ao nosso país.

Ainda mal nos tínhamos refeito da edição de 2019 e os Autopsy eram confirmados na edição de 2020. Formados pelo baterista e vocalista Chris Reifert (ex-Death) em 1987, os Autopsy começaram a sua discografia com “Severed Survival” algo colados ao som da banda liderada pelo saudoso Chuck Schuldiner. A coerência da sua carreira foi elevando o seu estatuto até se tornarem uma das bandas mais influentes do death metal. O último LP da banda foi “Tourniquets, Hacksaws & Graves”. O mais recente registo da grupo é o EP “Puncturing The Grotesque”, de 2018. Em 2021, a banda anunciou o novo baixista, Greg Wilkinson, que veio substituir Joe Trevisano.

O cartaz mais compacto do SWR FEAST pouco terá alterado a perspectiva de muitos dos headbangers que, ano após ano, se reúnem em Barroselas. Os norte-americanos mantiveram-se como headliners do cartaz e, no segundo dia do festival, o público ultrapassou o milhar, concentrando-se para ver aquele que foi o primeiro concerto desta lendária banda em território português. Feito não só celebrado por metaleiros portugueses e espanhóis (muitos também), mas também por Reifert que se manifestou exultante: «Vou roubar uma frase ao guião do Bruce Dickinson. Scream for me Portugal! […] Vamos fazer uma ruídosa que o Bruce ficasse todo f*dido por não conseguir fazê-lo tão bem. Scream for me Portugal! Não sei por ele anda, mas o Bruce Dickinson certamente borrou-se todo».

A boa disposição só poderia aumentar com a setlist: In the Grip of Winter; Embalmed; Severed Survival; Gasping for Air; Voices; Destined To Fester; Disembowel; Ridden With Disease; Arch Cadaver; Fleshcrawl; Torn From The Womb; Twisted Mass Of Burnt Decay; Service For A Vacant Coffin; Dead; Burial e Charred Remains. Portanto, clara maioria para os dois primeiros álbuns, “Severed Survival” (1989) e “Mental Funeral” (1991).

E à imagem daquilo que sucedeu entre esses dos históricos discos, o concerto revelou que a banda abrandou um pouco os bpms e acrescentou imenso groove aos seus riffs e, em vários momentos, foi como se estivessemos diante o “missing link” entre o death metal e o doom metal. O tríptico “Fleshcrawl” / “Torn From The Womb” / “Twisted Mass Of Burnt Decay” foi arrasador e talvez apenas tenha sido ultrapassado pela nova visita a segundo álbum, através de “Dead”, cruzada com os letárgicos e enormes bendings junto ao bordão de “Burial”, malhão do álbum “Tourniquets, Hacksaws and Graves” (2014).

De resto, os Autopsy sempre revelaram enorme classe de execução em qualquer forma de expressão estética. Reifert e a sua dinâmica dupla de shredders, composta por Eric Cutler e Danny Coralles, estiveram estelares. O primeiro, parece ter abdicado da sua Gibson, usando na mesma um modelo Les Paul, mas da LTD. Já Coralles trouxe mesmo a sua algo rara Victory MVX, a Stratocaster que a Gibson arriscou construir no início da década de 80. Já Greg Wilkinson apresentou-se como se fizesse parte da banda há tantos anos como o seu super fixe e vintage Guild B-301, modelos oriundos do final da década de 70.

As fotografias são do Emanuel Ferreira. No player em baixo, podem assistir ao concerto integral dos Autopsy. Mesmo que tenham estado por Barroselas, não hesitem!

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