Young

AC/DC, As Guitarras dos Irmãos Young em Donington ’91

O som trovejante de Angus e Malcolm Young no retumbante concerto dos AC/DC em Donington, em 1991. O poder das guitarras (com as pistas isoladas) em “You Shook Me All Night Long”.

Irmão caçula de Malcolm, Angus McKinnon Young não descansou enquanto não se juntou aos rapazes mais velhos. Foi sempre aquilo que quis fazer. Tocar com o seu irmão. Editaram o primeiro álbum, “High Voltage”, em 1976 e ascenderam meteoricamente ao topo. Os irmãos Young ao lado do mafarrico Bon Scott, criaram algo tão singular e tão simples que nunca pôde realmente ser copiado. Hard blues? Hard rock? AC/DC! Electricidade com uma intensidade que fez a banda editar discos consecutivamente entre 1976 (75, se contarmos a edição australiana do primeiro álbum) e 1986. No meio costuma estar a virtude, o que sucedeu também no caso dos AC/DC. Mas já lá vamos…

Numa recente entrevista com a NME, que antecedia o último álbum dos AC/DC, o guitarrista confirmou que “Power Up” foi uma homenagem a Malcom, que morreu em 2017, sofrendo de demência, aos 64 anos de idade. Quanto ao novo álbum, Malcolm surge creditado como um dos autores de todas as dozes canções presentes no disco. Angus Young relectiu, precisamente, sobre a importância do seu mano mais velho. «A sua morte foi um golpe muito duro para todos nós, mas continuo a opensar que ele está aqui quando estou a tocar. Pode parecer estranho, mas sinto-o comunicar comigo quando estou a tocar guitarra».

Angus referiu ainda, sobre os temas de “Power Up”, que essa música permitiu reconfortar o seu irmão, em muitas ocasiões, nos seus últimos dias de vida, já internado num sanatório para receber todos os cuidados paliativos possíveis. Angus fala das suas visitas ao irmão: «Tocava um pouco de guitarra para ele e ele ficava sempre imensamente feliz que o fizesse. Um dos últimos que meti a tocar para ele ouvir foi aquele onde os Rolling Stones pegaram em alguns velhos blues [“Blue And Lonesome” de 2016] e ele achava fantástico». “Power Up” chegou no dia 13 de Novembro de 2020, sucedendo a “Rock Or Bust”, de 2014, e gravado durante um período de seis semanas entre Agosto e Setembro de 2018, nos Warehouse Studios, em Vancouver, com o produtor Brendan O’Brien.

Todavia, é na viragem das décadas de 70 e 80 que está o âmago sónico e criativo da banda, pelo menos o seu grande reconhecimento global. No curto espaço de um ano, os AC/DC estavam com tudo e gravaram dois dos melhores álbuns da história do rock ‘n’ roll. Em 1979, “Highway To Hell” colocou a banda num estado de graça, abruptamente destruído pela morte do seu carismático vocalista Bon Scott, mas a grande locomotiva do rock não podia ser parada e a banda recompôs-se heroicamente, acabando por gravar o espetacular “Back In Black”.

Podem dar mil voltas aos aspectos técnicos da música, mas alguns músicos vão muito além disso. Angus Young é um deles, com um rig poderoso, mas simples, fiel às Gibson SG, o guitarrista dos AC/DC destila bagaço com os dedos. “You Shook Me All Night Long” é apenas um desses exemplos, com o seu riff cheio de punch e enorme preenchimento harmónico, simples, simples e inconfundível ao qual se junta Malcolm, ocasionalmente a acrescentar força. O irmão mais velho também foi fiel a uma guitarra durante praticamente toda a sua carreira. Em 2018, a Gretsch de Malcom foi alvo de réplica pela Custom Shop da marca.

Ouçam as pistas de guitarras de Malcolm e Angus isoladas no trovejante concerto de Donington em 1991. Overdubs ou não, é absolutamente mágico! Não admira a legião de fiéis que os australianos reuniram ao longo da sua carreira. Por exemplo, Brent Hinds, compositor, vocalista e guitarrista dos Mastodon, é um dos mais recentes membros dessa religião que são os AC/DC. A confissão chegou no podcast “AC/DC Beyond The Thunder”.

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