Dois poderosos cabeços Orange e Tech21 ligados a uma versátil e paquidérmica Ampeg. Um arsenal de pedais BOSS e uma peculiar stompbox custom. Um Fender Jazz Bass e ainda um não tão comum Gibson Grabber, são as armas de desespero e redenção no som de Paulo Rui nos Redemptus.
Como explica o comunicado de imprensa que nos chegou: «A ideia era antiga. Criar um circuito da música independente, documentar os processos de criação e identificar os seus intervenientes. Nasce, assim, o Circuito Malmandado, uma plataforma digital gratuita, elemento catalisador das várias respostas aos desafios de quem, com resiliência, trilha este caminho.» Numa primeira série de 52 episódios, vão mostrar videoclips, live takes, entrevistas, mostras de Rig, studio tours, tour reports e documentários biográficos. O objetivo é claro. Financiar e impulsionar criações artísticas audiovisuais no âmbito da música independente nacional e dar a conhecer esses conteúdos à comunidade, captando novos públicos, ocupando novos espaços, sendo local de encontro.
O projeto é resultado da parceria entre a Planet Core e ARDA Suppliers, e conta na equipa com Carlos Silva (produção), Guilherme Henriques (videógrafo), João Nuno Faria (videógrafo/fotografia), Jorge Morello (videógrafo), Luís Moreira (videógrafo), Marca Preta (design), Maria João Ferreira (produção/fotografia), Odair Lisboa (produção/ rosto do projeto), Pedro Bastos (produção/técnico de som) e Vítor Moura (Planet Core). Um dos episódios é dedicado ao gear que Paulo Rui usa no seu papel de vocalista/baixista nos Redemptus.
Paulo Rui nasceu a 28 de Novembro de 1984 e, como filho de peixe, tem a mala cheia das memórias sonoras e referências que colheu no seio da família, nomeadamente com o pai e o tio. Aos 12 anos integrou a primeira banda, que trilhava o caminho do new metal, em Vale de Cambra. Mas desde cedo buscou os sons mais pesados e gritados. É assim que se junta, como vocalista, a EAK, em 2004 e durante os nove anos seguintes, com quatro discos lançados e muitos quilómetros de estrada pelos maiores festivais do género.
Entre 2016 e 2018, foi vocalista de Verdun. Hoje, e desde 2014, integra as bandas Redemptus (voz e baixo) e Besta (voz). Pisou os maiores palcos de norte a sul do país, e lá fora, em países como a Rússia (Redemptus), a República Checa, Brasil, Espanha ou Bélgica (Besta). Conta com várias participações como músico convidado e há quatro, ainda em segredo, prontas para sair em 2022. Para aguçar a curiosidade e apostar no quem vem por aí: trata-se de duas portuguesas, uma belga e uma brasileira. É tatuador no HeartGallery Tattoo Piercing e fundador do canal Ainda há tempo no Youtube, onde partilha conteúdo relacionado com a música underground e onde reforça, a cada episódio e como é o seu intuito, a necessidade de «criar algo e partilhá-lo com todos» e de como é possível «dar e fazer muito mais quando não interessa quem tem créditos por isso». Hoje, mais do que nunca, no tempo certo.

Como instrumentista, usa dois tremendos baixos. Desde logo e ainda que seja o “suplente” ao vivo, impressiona um “não-tão-comum-assim” modelo Gibson Grabber. Foi este baixo que gravou o mais recente disco e se é verdadeiramente um modelo de ’76, como Paulo Rui acredita ser, percebe-se que ao vivo não seja muito molestado. É que vale uma nota preta! Mais comum, mas sempre impressionante, o baixo que mais labora em palco é um Fender Jazz Bass, dos tempos em que ainda existia a gama American Standard que, em 2017, foi trocada pela gama American Professional na reorganização que a marca californiana fez às suas linhas de produção.

Como é descrito no vídeo [player em baixo], Paulo Rui usa o Mark III de um Orange AD200B, que veio substituir uma unidade Ampeg Pro 7 por ter, de acordo com o músico, um som mais quente. O amp foi já usado nas sessões de pré-produção e gravação do terceiro álbum da banda, “Blackhearted”. O cabeço é ligado à metade 1×15 do stack Ampeg. Já a metade 4×10 da coluna está a debitar o som que emana do Tech21 Landmark 600. Este cabeço serve quase como um emulador do SansAmp, considerado um pioneiro no desenvolvimento do som de guitarra e baixo e na forma de os ligar directamente, sem recurso obrigatório a amps e com o seu calor, riqueza harmónica e som natural a tornarem-no um mago analógico capaz de salvar qualquer flauta rachada ou outro instrumento que se lembrem das garras da morte sónica.

Na pedalboard abundam stompboxes da BOSS. Desde logo, o Chromatic Tuner 3 – que está sempre ligado. O overdrive também passa a grande parte parte dos concertos activo. Trata-se da primeira versão do Bass Overdrive (que por estes dias está na marca ODB-3), uma herança dos tempos nos EAK. Um BOSS NF-2 completa a tríade de unidades que estão recorrentemente activas no “chão” de Paulo Rui. Ainda nas unidades BOSS, o Chorus CEB-3 e o Flanger BF-3 são usados apenas para pequenos apontamentos ou para criar atmosfera nas passagens entre temas.
Uma das pérolas aos pés de Paulo Rui é a unidade custom construída por Simão Mendes. O pedal foi construído partindo do circuito do EarthQuaker Devices Acapulco Gold que, por sua vez, faz emulação da distorção dos amps Sunn Model T. Nos Redemptus também é essencialmente ligado apenas para somar estrondo no final dos temas ou entre músicas. O EHX Freeze Sound Retainer é auto-descritivo quanto baste, permitindo a suspensão da note de base harmónica mesmo quando se tocam outras progressões.
Já no final da cadeia de sinal, outro BOSS, o Digital Reverb, soma também corpo ambiental mas, acima de tudo, permite a saída stereo do sinal para os dois cabeços. Por último um Digitech JamMan (unidade descontinuada) serve para disparar samples instrumentais ou vocais durante os concertos.
A foto de capa do artigo é de Clemente Leite, publicada no Facebook oficial dos Redemptus.
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