A meio de um poderoso e intransigentemente pesado cartaz, estes são os concertos de bandas que nunca vimos ao vivo e aguardamos com maior expectativa no SWR Barroselas Metalfest 2023.
Em 2023, o SWR FEST regressa com a sua 23.ª edição à vila minhota de Barroselas, entre os dias 27 e 30 de Abril. Depois de uma edição mais intimista e familiar em 2022, no próximo ano vão passar pelos dois palcos do SWR, durante quatro dias, 40 bandas – e a primeira fornada de confirmações foi um luxuoso repasto de negrume, com os Pig Destroyer, Profanatica e Triumph Of Death como maiores destaques. Em anúncio posterior, o grind dos Rotten Sound, o vanguardismo black/death metal dos Imperial Triumphant e o death da velha guarda dos Sadistic Intent lideraram as restantes 20 confirmações que encerram o cartaz do SWR 23.
Há também, como é tradicional no certame, uma abundante e qualificada lista de bandas nacionais no cartaz. Na nossa rubrica “Pérolas Imundas do Underground”, já destacámos as que mais nos entusiasmam (abre novo separador). Os ingressos para o festival estão disponíveis no site oficial do SWR. O programa diário também já pode ser consultado (imagem em baixo).

Através dos textos criados para a comunicação do festival, em parceria com os metralhas JCS e JMR da LOUD!, é altura de destacar as bandas estrangeiras em cartaz que aguardamos com mais expectativa. Já aqui assinalámos a nossa admiração pelos Imperial Triumphant e por “Spirit Of Ecstasy”, o seu mais recente LP e também já os vimos, tal como os Esoteric (aliás, com os britânicos até já palcos foram partilhados). Profanatica ou Sufefring Hour também não merecem qualquer menosprezo, mas estes são mesmo aqueles concertos que mais nos entusiasmam.
E quem diria que íamos estar aqui todos entusiasmados com uma banda de tributo a encabeçar o cartaz do festival ao fim de 25 anos? Claro que esta não é uma banda de tributo qualquer, tendo sido montada pelo próprio Tom G. Warrior, um dos pioneiros mais importantes e icónicos do metal extremo, para prestar homenagem à sua primeira e lendária banda, os inesquecíveis Hellhammer. Vai fazer-se história quando o Tom e os seus comparsas subirem ao palco de Barroselas para disparar bestas míticas como “Massacra”, “Maniac”, “Reaper”, “Messiah” ou tantas outras, e até se pode dizer que este palco lhes estava destinado – não só o festival foi desenvolvendo uma tradição de honrar os Hellhammer através de várias visitas dos fantásticos mestres do tributo germânicos Warhammer (R.I.P. Volker – vamos ter muitas saudades tuas este ano!), mas o SWR também recebeu um dos primeiros concertos dos Triptykon, em 2010. Agora, mais uma peça do destino será cumprida.
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Com mais de um quarto de século de carreira às costas, já pouco resta para dizer acerca dos demolidores Rotten Sound ou, antes, pouco haveria para dizer se o seu mais recente LP, “Apocalypse”, não fosse simultaneamente um disco tão ansiado e uma reabilitação tão vigorosa da vitalidade da banda finlandesa no espectro do grindcore. Criado em 1993, durante a década seguinte o quarteto liderado pelo guitarrista Mika Aalto e pelo vocalista Keijo Niinimaa acabou por estabelecer-se como um dos nomes mais entusiasmantes no que à música rápida e contundente diz respeito. Manejando habilmente a brutalidade feroz e a agressão massiva, assinaram oito álbuns de estúdio altamente aclamados e oito EPs repletos de composições inteligentes, arranjos eficazes e proficiência musical, condimentados pela dose necessária de death metal injectado de balanço colossal.
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Já se passaram mais de duas décadas desde que ouvimos falar pela vez da Jennifer, mas tanto tempo depois, aquela intro sinistra e profundamente perturbadora do “Prowler In The Yard” continua a soar como um chamariz para fanáticos do grind em todo o lado. O álbum de 2001 marcou o primeiro disco de Pig Destroyer “a sério” e, hoje, é celebrado com um dos melhores álbuns do metal extremo, uma referência para toda uma nova geração apostada em quebrar os métodos do terrorismo psicológico. Com a excepção dos Napalm Death, não há outra banda de grindcore tão respeitada. Durante os últimos vinte anos, apoiados no génio do guitarrista/produtor Scott Hull e do poeta JR Hayes, assinaram uma sequência de álbuns que esticam as fronteiras do grindcore, mas sem sacrificarem uma ponta da agressividade cirúrgica que os tornou famosos. O petardo mais recente chama-se “Head Cage” e leva o nome de um terrível dispositivo de tortura medieval.
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Autênticas lendas da cena death metal da costa Oeste dos Estados Unidos, os Sadistic Intent já têm origens plantadas em meados dos anos 80. Inicialmente conhecidos como Devastation, os irmãos Cortez, Bay (baixo/voz) e Rick (guitarra), fundadores que ainda se mantêm como núcleo duro do quarteto, adoptaram o nome actual em 1987, e desde aí nunca mais pararam de debitar o seu negro e profano death metal. Famosamente, nunca editaram um álbum, sendo toda a sua produção discográfica distribuída por vários EPs, splits, singles, maquetas e compilações, o que talvez tenha prejudicado a sua ascensão em termos de popularidade. São, acima de tudo, uma banda de palco, e foi com esse intuito que o mítico Jeff Becerra, dos Possessed, fez deles os próprios Possessed à sua volta durante alguns anos, alistando os irmãos Cortez, bem como o guitarrista Ernesto Bueno e o baterista da altura, Emílio Marquez, para completarem a sua banda. Em Barroselas, iremos finalmente testemunhar o poder do death metal old school destas figuras marcantes na história do metal extremo.
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Com o guitarrista/vocalista Max Bowman e o guitarrista Chase Slaker, a acumularem experiência no campo do death/grind com os injustamente ignorados Bone Sickness, e o baterista Alex Mody, a firmar créditos com o doom funéreo dos Ēōs, não é preciso fazer grandes contas para perceber que os Mortiferum – cuja formação fica completa com Tony Wolfe no baixo – encontraram uma forma bastante eficaz de fundirem as suas raízes musicais num híbrido coeso de selvajaria grotesca e massa glacial. É certo que, ao ouvir os álbuns “Disgorged From Psychotic Depths” e “Perserved In Torment”, temos de dar algum crédito a pioneiros do death/doom como Rippikoulu e diSEMBOWELMENT, mas a banda norte-americana consegue soar mais como resultado directo de uma intuição orgânica e inclinação natural para o experimentalismo extremo que propriamente como mais uma tentativa desesperada de replicar as abordagens díspares do death metal que os inspiraram a dar os primeiros passos.
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