The Cult

The Cult, Choice Of Weapon

O nono álbum dos The Cult procurou regressar a uma certa pureza hard rocker e conectá-la com o sentido exploratório que Billy Duffy tinham assumido com os imediatamente anteriores EPs “Capsule”. Com Chris Goss e Bob Rock na produção, “Choice Of Weapon” é um álbum sólido.

Uma banda que conte com um guitarrista tão talentoso e com tanta personalidade como Billy Duffy, além dum vocalista carismático como Ian Astbury, raramente consegue comportar-se de forma a ajustar o seu som a cada era musical. Raramente consegue reinventar-se, dizendo melhor. Mas os The Cult sempre o souberam fazer, mantendo as suas premissas, mas alargando os paradigmas do seu som.

Aqui trilhavam com eficácia o hard rock mais musculado, iniciado nos esforços em conjunto com o produtor Bob Rock em “Beyond Good And Evil” e expandido com a entrada de John Tempesta para a bateria, no álbum imediatamente anterior a este.

Aliás, foi Chris Goss (que produzira os EPs “Capsule”) quem esteve ao leme das sessões de estúdio, quer em Nova Iorque, quer em Los Angeles, mas Bob Rock foi chamado aos trabalhos com a banda – pela primeira vez, precisamente, desde o álbum de 2021.

Sempre directo e sólido, “Choice Of Weapon” apenas continua a manifestar uma fraqueza recorrente na banda, a opção pelo sentido balada num registo aproximado a Peter Murphy que, na nossa opinião, nunca favoreceu os britânicos. Em “Choice Of Weapon” a banda está longe daquele sentido gothic rock original, que ainda assim ressurge, por vezes, nesta fase – basta ouvir um tema como “The Wolf” para o perceber.

Ian Astbury (vocais), Billy Duffy (guitarra), Chris Wyse (baixo), John Tempesta (bateria). Depois de “Born Into This”, “Choice Of Weapon” foi a primeira e única vez em que os The Cult não fizeram alterações ao lineup. No entanto, Chris Wyse abandonaria a banda pouco depois.

O melhor, é a referida capacidade de reinvenção e a fusão de riffs orelhudos de hard rock clássico com linguagens mais alternativas e post punk. E depois, Tempesta e Chris Wyse (no baixo) formam uma barragem demolidora de percussão e graves. Uma das melhores duplas que os The Cult já tiveram nestas funções.

Como sempre, as letras de Ian Astbury estão repletas de imagens xamânicas, de referências à religiosidade nativa norte-americana e ao budismo tântrico tibetano, em justaposição com indignação política, social e ambiental. Por mais folclórico e alegórico que possa ser, Astbury consegue sempre transmitir uma imensa convicção e soar verdadeiro. Mesmo quando as suas letras são excessivamente metafóricas, como em “Pale Horse”, a sua ferocidade atenua o excesso barroco.

Afinal, desde “Electric” que o hard rock é a melhor face da dupla Astbury/Duffy e depois de o vocalista ter chegado a afirmar que a banda não tornaria a entrar em estúdio para gravar álbuns, queixando-se do formato morto do disco, foi bom constatar que uma banda histórica como os The Cult continuavam com imensos ases na manga, como tão bem ilustram temas como “Honey From A Knife” ou “Lucifer”.

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