Via Gruesome Records, o álbum de estreia dos Elitium é uma avassaladora fusão de vários aspectos de várias eras do death metal. “Wrong” é deathcore, slam, brutal e intransigentemente intenso.
Foi em 2020, com “Doença”, dos Basalto, que se estabeleceu a Gruesome Records, editora indie nacional. O selo sediado na cidade Invicta apresentou já títulos de nomes como Boulder, Law Of Contagion, Redemptus, VØIDWOMB, Pitch Black, entre outros, para lá de alguns grupos internacionais. Em franca e interessante expansão, os bons discos estão a tornar-se regra no seu catálogo. Desta vez, a Gruesome foi a Braga recrutar os promissores Elitium.
A banda arrancou em 2012, com o EP “Transcendent”. Dois anos depois, outro EP, “Ataxia”. O primeiro LP, “Wrong” foi editado no dia 19 de Maio de 2023. Em “Wrong”, diz-nos o intróito da Gruesome Records, os Elitium «dão-nos um agressivo e complexo assalto sonoro de death metal com um toque moderno. Uma insana, face-ripping e pesada, oferenda servida em grande estilo, cheia de paisagens sonoras extremas intransigentes, influenciadas por bandas como Dyscarnate, Ingested, Benighted e Thy Art Is Murder».
Há uma corrente que nos diz que o death metal, quanto mais brutal, melhor. A selvática descarga de peso propulsivo de “Humus”, com o baterista Jordi Lopes a escavacar tudo o que se mexe no espaço deixado pelos riffs Diogo Agapito, parece dar razão a essa corrente. “Tasteless” é mais uma besta de peso, mas a ferocidade passa a sentir-se mais cerebral, há um sentido mais melódico e maior desenvolvimento de texturas, quer nas harmonizações, quer no preenchimento harmónico. “Putative Insurgency” reforça esta ideia, de maior estruturação, com pungentes breakdowns a criar maior intensidade dinâmica e contrastes com as sombras atmosféricas do som dos Elitium.
De um ponto de vista da execução instrumental, a intensidade algo thrasher de “Lysis” é absolutamente avassaladora. Os próprios vocalizos de Johny Phobic respondem a esse apelo estético e o tema transforma-se numa bomba de groove, com os breakdowns finais passíveis de derreter a cara a qualquer um que a ouça incauto. “Ordely Hunting” remete-nos para a brutalidade do tema que abre o álbum, o blast de Lopes, a meio da malha, possui uma fúria demoníaca que desemboca numa secção onde se cruza o slam e a tradição progressiva do início dos anos 90 no death metal.
Antes do final, “Social Architecture” revela-se um exuberante vendaval de shred até um novo final slam épico. E é por aqui que nos damos conta de que os Elitium conseguem firmar-se sonicamente coesos e congruentes, em malhas que só por uma vez ultrapassam os 4 minutos. Por isso, pela riqueza de detalhes, “Wrong” é um álbum que se ouve de um só fôlego e se dispara de uma ponta à outra logo de seguida. Se chegaram até aqui, é isso que farão depois do quadradão (no melhor sentido) tema que encerra o álbum, “Prevised Eviternity”.
Groove abundante, brutalidade a rodos, destreza instrumental e melodia e deathcore em doses inteligentemente racionadas. Produzido, misturado e masterizado pelo guitarrista Diogo Agapito, nos I Scream Studios (Braga), “Wrong” é um intenso retrato das capacidades dos Elitium. Ouçam-no no player seguinte e depois encomendem-no à Gruesome Records.
Um pensamento sobre “Elitium, Wrong”