Com um tremendo passado no underground nacional, Bruno K. (Sepulchral, Bowelrot, In Tha Umbra, Enlighten) juntou um line-up estelar para gravar o primeiro álbum dos Visceral. “The Tree Of Venomous Fruit” é um monumental registo a forçar os limites mais brutais do death metal.
Death metal sem merdas, com uma vibração old school e as sombras das vertentes mais extremas deste espectro musical. Este foi o ponto de partida para Bruno K. começar a juntar riffs e ideias e a construir estruturas de canções para este novo projecto que são os Visceral. Ao músico, com reputação criada nos históricos In Tha Umbra ou nos mais recentes e exploratórios Enlighten, juntou-se o baterista de sessão Menthor Serpens (Enthroned, Lucifyre, Nightbringer e outros), que tratou de moldar as canções numa forma ainda mais extrema, e Alexandre Ribeiro (Grog, Earth Electric) aceitou o convite para emprestar a sua abordagem criativa ao baixo.
Para as vozes era necessário cores e formas diversas e assim Guilherme Henriques (Gaerea, Oak) aceitou o convite para partilhar esses deveres com Bruno “K.” Correia, completando a banda de estúdio que gravou “The Tree Of Venomous Fruit”. Todavia há ainda mais convidados: em “The Sight of Nothing”, o solo de guitarra ficou a cargo de Mike Guerreiro (Apocalypse Conspiracy); no tema “Upborne With Indefatigable Wings” quem assume esse protagonismo é Bob Sneijers (Fungus, Prostitute Disfigurement).
A brutalidade intransigente do disco é a sua primeira grande característica. E, nesse particular, a prestação de Menthor Serpens raia o sobrenatural e num tema como “And Bereft” é simplesmente sobre-humana a velocidade e violência que o baterista é capaz de conjurar. Tudo isto é ainda mais impressionante se considerarmos que o som de bateria deste álbum assenta essencialmente no corpo de sala, ou seja, Menthor teve que fazer os bombos e a tarola soarem nos micros de sala, sem triggers. Consegui-lo em registos de 280/300 bpms é verdadeiramente assombroso.
O som de baixo coaduna-se a esse calor mais analógico da bateria, com ressonância cavernosa ou tempestuosos rugidos com o sinal carregado de distorção. As guitarras cobrem um enorme espectro harmónico, de esquizofrenia nos médios/agudos a devastadores barítonos. As harmonizações são frenéticas e com uma urgência maníaca que acompanha a selvática intensidade proposta pelos blasts de Menthor. Mas guitarras e baixos também carregam algum do groove mais compassado de “Left Hand Path”, algo mais evidente num tema como “Horror Flower”. Também estão omnipresentes os Napalm Death, Incantation, Suffocation ou os Nile (com algumas aproximações às progressões melódicas da banda da Carolina do Sul), mas na verdade as maiores pistas para o caldeirão estético dos Vísceral está nos próprios projectos do seu compositor e dos músicos que participam neste “The Tree Of Venomous Fruit”.
No final, o álbum é constituído por treze malhas de death metal extremo, feito de riffs estridentes e de crua ferocidade, graves poderosos e brutais baterias de violência e carnificina autêntica. O equilíbrio entre peso, velocidade e articulação, com um amplo espaço dinâmico é outro dos aspectos dignos de registo deste álbum que foi gravado em vários locais entre Algarve, Londres e Lisboa, em Abril de 2022, e misturado e masterizado por Bruno K., no llargia Recording Studio. A arte que acompanha o disco foi encomendada ao ilustrador luso-americano Bruno Guerreiro e é nada menos do que excelente, deixando uma clara alusão ao mito das origens veterotestamentário.
A data de edição oficial deste disco, que começará por receber uma edição limitada de 300 cópias em deluxe digipak, está agendada para o dia 18 de Novembro, via Raging Planet, dia a partir do qual podem escutar integralmente o trabalho no Bandcamp da label. Dispara, no player…
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